METONÍMIAS
Num inesquecível sábado, há uma data de anos, li um texto da dona Clara F. Alves em que a dita, após verter lágrimas de crocodilo acerca da difícil vida da sua manucure, acaba por escrever um diálogo mais ou menos assim: Clara - “pois é, coitada, tens uma vida difícil neste mundo machista”; a rapariga – “É verdade, senhora doutora”.
O texto serviu para informar o povo, não dos problemas da pobre profissional, mas da doutoral circunstância da Clara.
Assim tem sido ao longo dos anos. A mulher, em intermináveis e “superiores” explosões de desprezo por tudo o que não seja o Mário Soares, elenca em catadupas as suas super intelectuais leituras, conhecimentos, viagens, triunfos, etc., materiais que vai atirando à cara do povo como se lhe fosse dado educá-lo. Enquanto a balsemónica criatura lhe for dando espaço, a intragável e intratável fulana continuará a ganhar a vida com os seus alardes de pesporrência e de intelectualoide superioridade.
Ler isto dá para perceber os altos sentimentos de admiração e estima que nutro pela mulher. Com toda a razão. Este Sábado, atraído pelo lead de mais um repugnante escrito, li uma miserável diatribe contra Passos Coelho.
Sabem a razão desta fúria? O elogio que o PM fez a Mariano Gago. É que, para vincar que a sua admiração pelo defunto era sincera, terá sublinhado que lhe era devida, “apesar” de ter pertencido a governos da actual oposição. O que, para uma inteligência normal, quer dizer que o admirava, como intelectual, cientista e político, para além e acima de politiquices. Ou seja, reforça o elogio.
Para a CFA, a conclusão é a de que PPC é um “pobre de espírito”e um “palúrdio” (tolo,estúpido, idiota, pacóvio), que nunca “nunca passou os olhos pelas obras completas de Lee Kwan Yew”, coisa que ela, como é óbvio e nem é preciso dizer, leu, releu e assimilou, lado a lado com mais trezentos e cinquenta mil outros calhamaços de cuja leitura modestamente se vai gabando, como se alguém acreditasse. A Bíblia, essa não deve ter lido, nem em citações ou excertos. Caso contrário, saberia que, no sentido bíblico que invoca (não em sentido vulgar, que isso é próprio de gente menor), a simplicidade é uma qualidade positiva, a merecer o céu.
Estamos, pois, perante uma real demonstração de ignara arrogância, bazófia e pedantismo, qualidades que ninguém negará ser características de marca de CFA. Uma harpia ao contrário, isto é, em vez de cabeça de mulher e corpo de abutre, tem cabeça de abutre e corpo sei lá de quê.
A finalizar a arenga, a criatura brinda-nos com aquilo a que se poderá chamar “Teoria Geral da Máquina de Cortar Fiambre”, pretexto para nos dizer que leu Ferreira de Castro. Não terá percebido, mas que importa? Não virá a propósito, mas, como, além da CFA, tudo é menor, que importa? A austeridade é como a máquina de cortar fiambre, diz ela. Só é pena que a não a ponham a contas com a lâmina...
Uma metonímia, é claro, palavra altamente cultural usada pela importantíssima mulher para, como é seu superior hábito, épater le bourgeois.
26.4.15