METROPESSEGADA
O governo-que-há-quem-apoie declarou solenenemente (como é seu hábito) que iria construir quatro novas estações de metropolitano em Lisboa. A mesma estrambólica instância, menos de vinte e quatro horas depois, veio informar os indígenas sobre a “verdade”: não são quatro estações, são duas. Duas é que são. E pronto, assim manda a coerência e a firmeza das governamentais intenções.
Quem isto ouviu e não sofre de partis pris conclui o que resta para concluir, isto é, tanto pode ser duas, como quatro, como oitocentas e vinte e nove, como nenhuma.
A verdade oficial agrada, por razões opostas, aos crentes da geringoncial igreja e aos que, heroicamente, mantêm vivo o senso comum. Para os crentes, ver a organização proclamar a generosa intenção de dar estações ao povo, sejam quantas forem, é mais uma razão para a incensar e acreditar nos seus milagres. Para os raros tipos da área do censo comum, estamos perante mais uma aldrabice daquelas tão aldrabonas que até o chamado governo mete os pés pelas mãos sem saber qual é a “verdade”.
Abrindo caminho nesta selva de estações surge inopinadamente a dona Cristas a fazer campanha eleitoral para a Câmara de Lisboa… no parlamento - coisa inédita e inapropriada. A senhora não está com meias medidas e, sem mais aquelas, declara que não são duas, nem quatro, as novas estações. São vinte. Fataça! Grande plano. Dá para discutir, o que deve ser o que se pretende. Isto porque, em matéria de campanha eleitoral, se torna estranho que a patroa do CDS venha jorrar promessas sobre os munícipes de Oeiras, Loures e Amadora, os quais, mesmo que quisessem, não votariam nela.
Enfim, desde da célebre reversão do sensato caminho que o governo Passos tinha, sem promessas nem demagogias, apontado para o Metropolitano, ninguém sabe, nem o Merdina, nem os geringonços em geral, ainda menos o chamado governo, o que há-de fazer com o monstro de que se quer manter proprietário e “gestor”. Nada que não fosse de prever e cuja ruína o tempo não deixará de mostrar.
Enquanto a coisa vai correndo, talvez as distintas autoridades camarárias e governamentais pudessem, ao menos, mandar pôr a trabalhar umas composições que lá têm empanadas, rever os horários e as frequências, não deixar faltar os bilhetes outra vez, dar alguma coerência à sinalética do Metro, etc.. Mas isso, ou é caro ou complicado demais para as mentes privilegiadas que tomam conta do assunto.
Acresce, evidentemente, que o que é fácil e está a é anunciar estações novas, não resolver problemas antigos.
15.5.17