M&M
Nesta história da corrupção há mais vozes que nozes,isto é, se às vozes correspondessem nozes que se vissem, era preciso um campo de concentração para meter essa floresta de corruptos que sugam a Nação, roubam o Estado, trafulham impunemente por toda a parte.
Dois exemplos paradigmáticos de vozes: um senhor Morais e uma senhora Morgado, ambos possuídos das mais profundas convicções sobre a matéria.
O primeiro chega ao ponto de querer ser Presidente, para poder dar largas ao seu ínclito combate. Muto bem. Força, ó maravilha fatal da nossa idade! O homem já acusou este mundo e o outro das mais inacreditáveis porcarias. Até é capaz de ter razão. O pior é que tem uma dificuldade terrível em fazer-se acreditar. As investigações, as denúncias, os artigos, as entrevistas, os livros, a cobertura “mediática” das suas actividades, tudo tem, até agora, resultado num rotundo zero. Porquê? Porque o homem não passa de um torquemadazito do quinto esquerdo, ou porque o “sistema” sabe defender-se das suas maquiavélicas teorias? Não sei. Facto é que este cidadão devia pensar em oferecer os seus préstimos à Judiciária, onde talvez fosse útil com a sua tão eficiente vocação policial, em vez de andar a desbocar-se por todos os lados e a não levantar mais que poeira político-inquisitorial. De nozes, népia.
A segunda desdobra-se em furibundas declarações de teor afim das do primeiro, com os mesmos resultados práticos. Com uma agravante, que é a de se tratar de uma magistrada do MP, com a faca e o queijo na mão para concretizar as acusações. Nem pensar. Na sua opinião, o MP não tem meios, os procuradores têm medo(!!!), até porque ganham pouco e os malandros muito(!!!). Das tão altas acusações que a senhora vai produzindo, e que não passam, como é evidente, de coisas genéricas e opinativas, nada se conhece que a senhora tenha feito de concreto, ou visível. Mais uma vez, nozes nem vê-las.
Pergunto: dado o exposto, não era melhor que se calassem? Fica a pergunta.
Ou então que concretizassem, se queixassem, produzissem alguma coisa com consequências outras que não a de excitar a opinião pública, a quem nada de concreto oferecem para além de uma proposta de ódio a tudo o que mexe nesta santa terrinha.
O IRRITADO recomenda vivamente a leitura de um livrinho que, provocatoriamente, se chama Eloge de la Corruption, onde a autora se pergunta até que ponto este tipo de moralistas encartados não serão, eles mesmo, mais indutores de corrupção do que a núvem dos genericamente atingidos pelas suas perseguições. Fica a sugestão.
14.4.15