MODAS E PADRÕES
Há para aí quinhentos anos, passou Diogo Cão uns dias de férias em praias africanas, hoje no território da Namíbia. Não consta que tenha feito guerra ou tropelias de maior à tribo dos Namas, habitante daquelas longínquas paragens.
Em testemunho da sua passagem, erigiu junto ao mar um padrão sinalizando essa primeira passagem do homem branco, passo importante na abertura e mútua descoberta de continentes e povos.
No século XIX, os alemães entraram por ali dentro à cacetada e, entre outras simpáticas realizações, trataram de fazer mão baixa ao padrão e embarcá-lo para casa. Ainda hoje está num museu qualquer da RFA.
Como é de moda hoje am dia, a República da Namíbia, um dos raros países africanos onde há sossego e bom governo, tratou de reivindicar a posse das caninas pedras. Muitas diligências houve, até que, algures na Alemanha, foi organizada uma conferência histórico-diplomática sobre o assunto.
Julgo que não houve conclusões, ou decisões sobre a matéria. O que chamou a minha atenção foi a posição de Portugal: nem diplomatas, nem historiadores, nem académicos, nada nem ninguém, que se saiba. Parece que estava lá um português, mas em representação de uma universidade britânica!
Ou seja: o nosso governo e a nossa inteligentsia, tão anchos em reivindicar e comprar o que de cultural, nacional ou estrangeiro, por aí aparece, ou não quis gastar uns tostões para dar lá um salto, ou nem sequer soube da nada.
Não acho que Portugal devesse reivindicar a posse do padrão do navegador. Mas seria lógico e legítimo que exigisse que fosse colocado no local de origem, como testemunho da primeira passagem de um europeu, e português, por aquelas inóspitas terras, até então desconhecidas.
Todos sabemos da raiva ignorante, odiosa e criminosa do parceiro privilegiado do PS (o BE) contra tudo o que seja História propriamente dita. É de calcular que, se o governo se preocupasse com o tal padrão, fosse alcunhado de racista, esclavagista e outros mimos pela dona Catarina Martins.
Mas, que diabo, o Costa pedia-lhe desculpa e mandava alguém representar os nossos interesses na tal conferência. Era o mínimo.
21.6.18