MORAL REPUBLICANA
Em súbito frenesi de honradez e “altura moral”, distintas figuras do poder vieram à tona em defesa de uns amigos contra outros. Tanto as hostes mais costistas como antigos críticos da geringonça, hoje absorvidos, saltaram do seu merecido sossego para esconjurar aqueles que põem em causa a nobreza e a republicaníssima moral vigente no largo do Raro e nas social-aristocráticas criaturas que por lá pululam.
Bastou que as raparigas do BE lhes saltassem às canelas para que viesse à tona de tais almas a histérica condenação das ofensas por elas proferidas. Como não estão sujeitas à “jurisdição” socialista, como acontece a cerca de trezentos militantes desavindos e em fase de expulsão, recorreram aos media, quais virgens vítimas de assédio, para pôr os pontos nos is.
O BE violou as regras fundamentais da convivência democrática (Francisco Assis); Não aceitamos nenhuma superioridade moral de nenhum partido, inclusivé dos nossos aliados (Carlos César); Já chega de sermões semanais do Bloco, como se fossem os guardiões da boa moral. O PS não recebe lições de ética política republicana de ninguém (Álvaro Beleza).
Estão a ver? Como não podem, ou não querem, ou têm medo (ai o poder, o poder) de expulsar o Bloco como fazem a centenas de militantes insurrectos, vai de ter ataquinhos de “moral republicana”.
Não se sabe bem o que isso seja mas, pela amostra e pelos factos, as respectivas “tábuas da lei” devem ter sido oferecidas aos seus maiores pelo Robespierre, o Marat ou, na melhor das hipóteses, por algum moralista nacional, tipo Afonso Costa.
Manifestemos a nossa solidariedade para com estas vítimas de assédio político, ainda por cima de saias.
18.12.17