MORAL REPUBLICANA
Mais de dez anos depois do início do consulado dessa miséria humana que dá pelo nome de Sócrates, apareceu uma senhora do PS a desbroncar-se. De resto, até hoje, não houve um só socialista que tivesse dado pelo que se passou e se passa. Ninguém deu por nada, ninguém viu nada, ninguém desconfiou de nada.
O indivíduo que se apoderou do partido quando a agremiação era dirigida por um tipo sério, que até ganhava eleições (“por poucochinho”, mas ganhava), e que, logo a seguir, se apoderou do poder (sem ganhar, nem por poucochinho, isto é, perdendo) esqueceu-se de Sócrates e dos resultados da sua governação e pôs no seu chamado governo os principais áulicos do dito. Mesmo depois do rebentar de tanta bronca, continua, não só a não ter visto, sentido, desconfiado do que fosse, como a não ver, não dar por nada, não desconfiar de nada.
Sócrates nunca existiu. O seu número dois, um tal Costa, nunca existiu. Os seus seus colegas socratistas, também nunca existiram. Andam por aí outros, com o mesmo nome, a mesma cara, o mesmo paleio, mas não são os mesmos, nem o Pinho é o mesmo, é tudo outra gente, gente que nunca viu coisa nenhuma e que não conhece nem jamais conheceu o Sócrates. A mostrar que não são os mesmos, continuam na mesma.
Há excepções. Um alto aparatchique da organização veio dizer que acha óptimo que um tipo viva de empréstimos de um amigo. Coitado, não tem meios de fortuna, e, com toda a dignidade, não quis aceitar o emprego de deputado para que foi eleito. É demais a perseguição que lhe movem! Outro, da mesma tiragem, veio fazer uma discursata moralista em que, ó espanto, também não bate com a mão no peito nem sabe de nada para além de umas viajatas suspeitas, de umas ajudas maradas, tudo peanuts, ó gentes!
A tal fulana que veio pedir que matérias pouco agradáveis fossem discutidas acordou tarde, ou resolveu acordar tarde. Como está a pensar na reforma, resolveu ser altura de ter um ataquinho de “moral republicana”, e pedir actos de contrição no congresso da coisa. Mais vale tarde que nunca, não é? É claro que bateu na porta errada, sabendo perfeitamente que era a porta errada. Desde sempre, ninguém da agremiação assumiu fosse que culpa fosse. Por que raio haviam, agora, de mudar de postura, ainda por cima sobre assuntos do passado? Segundo a versão oficial, ou virtual, a senhora não deve estar boa da cabeça.
E assim vão as coisas. Nada de novo. Todos, todos, fiéis à moral republicana. O resto é conversa fiada.
28.4.18