NA TERRA DOS FESTIVAIS
Assistimos, de há meses a esta parte, a uma chusma de festivais de “música”, ajuntamentos que primam pela barulheira, infernal para uns, celestial para multidões sedentas de “cultura”.
Tudo bem. Há muito quem goste e está no seu direito de se meter na multidão e passar umas horas aos pulos e a beber umas bejecas.
O Estado socialista vigia estas coisas, com polícias e verbas, a fim de manter a ordem pública. E, para nosso bem, vigia outras mais do que isso. Segundo notícias frescas, num festival qualquer, tal Estado vai ocupar-se com a fiscalização da pureza das drogas consumidas, pelos vistos em quantidades industriais e facilmente detectáveis. Assim, imagino, preocupados com a saúde pública, uns agentes especilizados no controle da qualidade dos produtos em circulação na turba, dirigir-se-á aos dealers, e dirá: caro cidadão, faça o favor de emprestar uns gramas do seu produto, a fim de procedermos ao respectivo controle de qualidade. Os dealers, conscientes das suas responsabilidades sociais, entregarão amostras aleatórias. Os agentes, munidos da necessária parafrenália técnica, analizarão os pós ou as pastilhas e, caso tenham a indispensável pureza, cumprimentarão os cidadãos envolvidos e mandá-los-ão em paz. Caso contrário, é de pensar que emitirão um certificado de contraordenação, com multa a pagar, no Multinbanco, com desconto caso satisfeita nas próximas 48 horas. No que diz respeito aos consumidores encontrados com sinais exteriores de consumo de pastilhas, pozes, ou outros suportes, o procedimento será da mesma natureza. Recolhida a amostra, se houver pureza, serão os consumidores avisados dos eventuais malefícios de tais práticas, e ser-lhes-á entregue um panfleto do ministério da saúde, elaborado por um grupo de trabalho formado por médicos e psicólogos, cuja leitura será indispensável para a consciencialização dos consumidores. Caso os produtos não apresentem, nas devidas percentagens, a pureza determindada por 32 ordens da UE e pelo relatório do grupo de trabalho, então os cidadãos envolvidos serão avisados dos perigos a que se sujeitam e ser-lhes-á solicitado que entreguem as doses impuras que têm no bolso. Se não quiserem entergar serão aconselhados a fazê-lo num próxima oportunidade.
Daqui se conclui que o Estado está preocupado, não com o tráfico e consumo de drogas, mas com a respectiva “qualidade”. Tal preocupação, eventualmente sugerida pelo BE e carinhosamente adoptada - por unanimidade - pela geringonça, é sinal do ingente progresso civilzacional em que estamos envolvidos e empenhados.
Um descanso.
19.7.18
ET. Sejamos justos. Chegou-me uma notícia que esclarece um pouco o assunto. Parece que há uma alternativa: que os consumidores se dirijam, respeitosamente, aos agentes técnicos de análises e lhes mostrem os produtos que levam no bolso, a fim de se ajuizar da sua qualidade. Está mesmo a ver-se, não está?