NADA DE BRINCADEIRAS
São ainda desconhecidas, na sua totalidade, as medidas que a ditadura em vigor vai impor às nossas crianças, diz-se que por causa, não da insaciável sanha regulamentesca das chamadas “autoridades”, mas por mor do covide. No entanto, do pouco que se conhece, seguro é concluir que, sendo a causa oficial a segunda, a primeira é a verdadeira. Suponho que, às tais “autoridades”, deva dar inenarrável gozo dar mais umas ordens, criar mais umas obrigações “cívicas”, alargar as limitações à liberdade. E, sendo a infância a estar sob ataque, o gozo deverá ser ainda maior.
Uma das medidas mais interessantes é a limitação dos intervalos das aulas a cinco minutos de cada vez. Queriam brincar, conviver, criar amigos, conversar, lutar, socializar, dar uns pontapés na bola, fazer umas correrias, ai queriam? Não queriam mais nada? São parvos, ou quê? Vão lá fazer um chichi, e estão com muita sorte. Entre baixar as calças e lavar as mãos, lá se vão os cinco minutos, isto se forem jeitosos. Qualquer avaria do fecho “éclair” ou do elástico da cueca, chegam atrasados à aula e levam um raspanete.
E essa doideira de haver aulas em mesas redondas? Nem sonhem: para a nova moral, isso é uma promiscuidade! Carteiras à distância regulamentar, e já!
Não se esqueçam das máscaras. Sem máscaras, só no kinder garten. A partir dos seis anos são obrigatórias. Isso, meninas e meninos, suem à vontade, babem-se de humidades, respirem o ar que os vossos pulmões deitaram fora, embaciem os óculos, assim é que é.
Mas o que é isto, a menina entrou na sala e não desinfectou as mãozinhas com gel? Sua porcalhona, faça isso outra vez, chamamos a polícia e o papá pagará a respectiva multa.
E essa de as mamãs e as vóvós virem buscá-las à escola? À porta, só do lado de fora, que aqui ninguém entra! Desenrasquem-se, agarrem na bagagem e vão lá para fora esperar.
E mais, vai haver mais normas, mais regulamentos, mais maluquices que nada pode justificar.
Se isto não é crime de lesa infância, não sei o que seja.
4.9.20