NÃO AVISAR A MALTA
Não há dúvida de que o chamado governo, o seu impoluto líder e os seus impecáveis parceiros, com a prestimosa colaboração da “comunicação social”, têm uma sorte fantástica.
Todos os dias se arranja uma nova para ocupar a cabeça da plebe. A última, que vai dar para meses, é a do ladrão conhecido por hacker, que andava a fazer das suas em Paris e Budapeste. Preciso é distrair os infelizes, a fim de que se não dê pelas caldeiradas (literais ou não) das geringonciais estruturas e decisões. Andámos semanas ocupados com a violência doméstica, a que se seguiu a titânica luta das forças do progresso contra o juiz Moura. Outras virão para ocupar os jornais.
Exemplificando:
Mimosamente, o senhor Pereira, que às vezes tem piada, manda o tal juiz “meter as sentenças no rabo”. Um tal Nogueira, que nunca teve piada de espécie nenhuma, diz que o homem “é um animal irracional” que “anda à solta” e que “precisa de uma coleira, uma trela e um açaime”. A dona Joana Dias afirma que “este juiz tem que ir para a rua”. E é já!”, porque “é um perigo para a segurança pública”. Um tal Seixas vocifera que as sentenças do homem são “parvas”.
O que fica disto tudo, pior que as ideias pouco canónicas do senhor Moura, é esta porcaria. Mas, que diabo, o que é preciso é entreter a malta.
Enquanto se entretem a malta não se avisa a malta, não é?
6.3.19