NOME DE MUSEU
Com justificado orgulho, Portugal criou “The first global village”, como alguém lhe chamou. Espelhado magistralmente nos Lusíadas, esse orgulho acompanhou a Nação durante séculos. A Monarquia caíu em boa parte porque contra ela foi esgrimida a acusação de não ter conseguido defendê-lo (cedência ao ultimato britânico). A primeira República foi quase diria ultramontana na sua defesa, ao ponto de se meter numa guerra sem sentido, com outro objectivo que não fosse o de o manter vivo (nobre povo, a marchar contra os canhões). A segunda República explorou-o à exaustão, apropriou-se dele, nesse aspecto mais não fez que seguir a primeira com outros métodos. A terceira acabou com o Império, mas manteve o orgulho, implantou a esfera armilar na bandeira, consagrou o orgulhoso hino, criou uma comunidade com os que da espansão provêm e, à excepção dos brazões da Praça do Império, manteve os testemunhos, a simbologia, os monumentos que comemoram a expansão e a presença global de Portugal.
Lá fora, mais do que nunca, há quem escreva sobre a obra portuguesa, a descoberta do Orbe, os horizontes rasgados pelos portugueses. Em Washington fez-se uma exposição dedicada à abertura do mundo nos séc. XV e XVI, onde Portugal ocupava o lugar que lhe competia, o primeiro.
Até que... até que uma nova “filosofia” surgiu dos esgotos das universidades e das “fracturas” da esquerda nisso especializada. A Universidade de Coimbra, por exemplo, tem um instituto dedicado exclusivamente à denúncia do orgulho e à implantação de um sovietismo bacoco. O politicamente correcto tem cogumelos ideológicos a brotar por toda a parte. A ideia de um Museu dos Descobrimentos é cuspida nos jornais com as mais variadas desculpas, julgamentos, aplicação dos valores propriamente ditos e dos valores com aspas do séc. XXI aos sec. XV, XVI, XVII e XVIII.
Uma nova história vai sendo escrita, propagandeada sem escrúpulos por uma comunicação “social” sedenta de novidades. Como os nazis queimavam livros e incendiavam sinagogas, a “nova” esquerda queima a História propriamante dita para a substituir pela que a ideologia impõe. O caminho é clássico, conhecido, repete-se com nova roupagem. Sobre as ruínas de um passado recriado fundar-se-à o “homem novo”, o novo escravo do Estado omnipotente.
No meio disto, o mais grave é que a esquerda “velha”, o PS, se encolhe, medroso e merdoso, não resiste, não denuncia, hesita, entrega-se, traindo os seus maiores da primeira República.
De calças na mão diante da Catarina, Costa deve andar a pensar num novo nome para o Museu dos Descobrimentos.
26.6.18