NOTÍCIAS DO ALMIRANTADO
Parece que o senhor almirante das vacinas está a entrar em areias alheias. A fama é das coisas mais difíceis de gerir. Mas o nosso almirante não deve ter percebido, por falta de prática. Ou então entra no jogo dizendo que não quer entrar. Vai mandando as suas bocas, propagandeia que não se mete em política mas, vistas os factos, é coisa que passa a vida a fazer. Sendo certo que forneceu ao governo do “nosso” Costa o, talvez único, argumento a seu favor em seis longos e miseráveis anos de poder, o nosso almirante segue na via da propaganda ao mesmo tempo que diz que quer voltar à profissão sem se deixar envolver em política. No entanto, desde que deu a missão por terminada, ei-lo em conferências, entrevistas, gabarolices várias.
Na sua mais recente intervenção deu consigo a classificar os “negacionistas” como “inimigos”, a quem é preciso “retirar a margem de manobra”. Alguém devia lembrar-lhe que há negacionistas de extrema direita, de direita moderada, de centro, de extrema esquerda, de esquerda moderada, e de nada disso. São, na sua totalidade, cidadãos, coisa que parece não ser do conhecimento do senhor almirante. Muitos deles, julgo que a maioria ou, pelo menos, os que conheço, são-no porque se opõem aos evidentes atentados ao direito e aos direitos em vigor – será que ainda estão? - em países ditos civilizados, porque não toleram os pontapés que têm sido dados a direitos constitucionais, a declarações europeias e mundiais, a normas consideradas ininfringíveis no mundo civilizado, porque são contra a descriminação dos não vacinados e contra os passaporte sanitários, porque não toleram máscaras, etc. Uma coisa é defender que pandemia justifica tais atentados e respectivas consequências, outra, completamente diferente, e discutível, é condenar como “malucos” ou “inimigos”, os que têm opinião diferente.
Pior ainda é dizer que é preciso retirar-lhes a “margem de manobra”. Como? Censurando-os, como faz a comunicação social, prendendo-os ou matando-os, como se faz aos inimigos? O senhor almirante tem todo o direito a criticar os que o atacaram física ou moralmente, actos que a lei já condena, e bem. Mas não o tem de estabelecer um crime de opinião, ao qual é preciso cortar as pernas.
O IRRITADO não é negacionista, mas tem as maiores dúvidas quanto à legitimidade de muitas das regras a que tem que se submeter. E, sobretudo, respeita, como seus iguais, os que, com todo o direito, acham que a pandemia está a servir para alterar ou infirmar normas e princípios que fazem parte do mais precioso património da humanidade.
Classificá-los como inimigos a abater é, isso sim, um crime de lesa civilização.
Para acabar este artigo, uma coisa que tem o seu ar de cómico: o senhor almirante diz que toda a gente será vacinada, “ou pelo vírus ou pela vacina”. Então está preocupado com quê?
31.10.21