NOTÍCIAS OVINAS
É uma verdade lapaliciana que os nossos carneiros cheiram a bedum e que os da Nova Zelândia não. Temos que viver com esta inferioridade biológica, diz-se que oriunda do Norte de África. Paciência. Antes de assar o animal é preciso tirar-lhe uma bolha do joelho, sob pena de ficar intragável e malcheiroso. Há também circunstâncias agravantes, isto é, se a cozinheira não está a par da questão da bolha, vai comprar a paletilha ao Continente e é o diabo.
Foi o que se passou no fim-de-semana, dir-se-á que com consequências perversas. Os rebanhistas reuniram mas, sendo o bedum de tal maneira absorvente, adaptaram-se a ele. Gostando ou não, comeram, com bolha e tudo, e disseram que gostavam. Houve um só acarneirado a denunciar o mau cheiro. Fez mal. Não valia a pena. O restante rebanho, de tão adaptado, até o assobiou, embora desobedecendo ao apascentador, grande adepto do bedum mas espertalhão q.b. Houve outro, também com tendências neo-zelandesas, conhecido distribuidor de camisas-de-Vénus-para-o-povo, que se recusou a tirar senha-tipo-finanças e não chegou a dizer, no seio da acarneirada assembleia, que abominava o bedum. Mas, vá lá, disse-o fora das baias.
No redil, as coisas foram gloriosas. O pastor (técnico de condução de agrupamentos/as ovinos/as, no dicionário da Bloca) foi taxativo: os inimigos do bedum acastelam-se na Bélgica, comandados por um tudesco sem escrúpulos; o poder de condução das hostes ovinas é indiscutivelmente partilhado com os/as bovinos/as e com os/as equinos/as, para os/as quais a bedúnica qualidade é indiscutível.
Quanto ao rebanho dito humano/a, é muito simples. Quanto mais se adaptar ao bedum, melhor. O pastor sabe que é tudo uma questão de hábito.
Em caso de sede extrema, os animais até bebem a própria urina, não é? Desde que o pastor não perca o poder, tudo bem.
6.6.16