NOVAS DA BANDALHEIRA
1 – Bandalheira militar. Uns marujos recusaram-se a cumprir as ordens da hierarquia, inviablizando uma missão a que estavam obrigados com a desculpa de falta de condições do seu navio.
A isto chama-se insubordinação, quer a “desculpa” tenha, ou não, pés para andar. E, na tropa, tal coisa tem que ser, de imediato, exemplarmente punida.
Que aconteceu? O primeiro-ministro, como é seu hábito, já veio dizer que não tem nada com isso. O Presidente parece que não percebe nada de assuntos militares. O almirante do covide chamou à coisa o nome exacto mas, que se saiba, nada fez, isto é, pediu um inquérito. Que é feito dos insubordinados? Ninguém sabe, ou seja, sabe-se que nada lhes aconteceu, devem estar à espera do resultado do inquérito. Será?
Quando eu era oficial miliciano, se algum que de mim depedesse se insubordinasse ia direitinho para o xilindró. O mesmo me aconteceria se o mesmo fizesse. Se perguntassem à Mortágua porquê, responderia que isso era no tempo do fascismo, e que eu era, ou sou, fascista. Mas se perguntassem a algum militar, pelo menos a um militar estrangeiro, fosse ele donde fosse mas mormente de de países democráticos, diria ele que eu tenho toda a razão.
A acção dos insubordinados, bem como reacções até agora por aí conhecidas, são sinal da bandalheira a que chegámos, e que tal bandalheira chegou à mais improvável sede: as Forças Armadas.
É claro que toda a gente sabe que, de orçamento em orçamento, a regra é a das cativações, sendo as FA atingidas por esta moda do socialismo nacional. Mas isso é outra história, que anda a ser usada pela “política”, para justificar o injustificável. Os marujos do Mondego mereceriam uma reacção imediata e exemplar, não a ficar à espera de um inquérito.
Acrescente-se esta cereja a este bolo: internacionalmente ficamos mais sujos do que já estávamos.
2 – Bandalheira escolar. Os condotieri dos professores vieram declarar que farão greve às avaliações, ou aos exames, como se diria anos atrás. Tenham ou não razão nas suas reivindicações, perderam a noção dos limites. Podem proclamar à vontade que estão muito preocupados com os alunos que já não há ninguém que em tal acredite. É a bandalheira a institucionalizar-se no ensino.
3 – Bandalheira aero-jurídica. Ansiosa por safar o governo da trapalhada da TAP, a inspecção das finanças foi buscar ao caixote do lixo dos primórdios da II República (1933) uma norma qualquer que lhe permitiu pôr os membros do governo nela envolvidos a coberto de chatices. Não chegava a bandalheira dos ditos, era preciso abandalhar mais alguma coisa, desde que os trapalhões que toda a gente conhece ficassem a salvo.
16.3.23