O AVATAR
Há, num canal qualquer, uma exibição periódica onde, sob a excitada direcção da dona Constança, pontificam o Rangel bom, o beicinho Pereira e aquele ser do BE com penteado de menina de Odivelas.
O Rangel lá vai debitando umas coisas de bom senso, coisas que se percebe por ser mais ou menos evidentes.
O que sai da boca do senhor do BE também se percebe, ou seja, percebe-se que o dito não percebe nada de nada e se limita a papaguear a pen (já não há cassetes) do Usurpador & Associados (as tontas e o Lenine de Sacavém).
O beicinho, esse, meus senhores, é tão palavrosamente patético que se torna difícil opinar. É que, ao ouvi-lo, se fica na incerteza de saber se o homem existe ou se não passa de um alter ego do camarada Pinto de Sousa. Mais do que uma imitação, um avatar da criatura. Os gestos, o tom, os argumentos, a “convicção”, tudo leva a pensar que ali há marosca, que o infeliz é comandado à distância. Vale a pena, por uma vez, ouvi-lo papaguear as teses em que foi formatado: as da cabala, as do fiel amigo, as do PEC4, as da mãezinha, todas as que o telecomando lhe for clicando nas meninges. Na comédia de ontem só uma falhou: quando o Rangel lhe perguntou onde é que o Usurpador ia buscar o dinheiro para pagar as maluquices, a coisa avariou, o beicinho tremeu, o avatar atrapalhou-se, balbuciou inanidades. Pareceu, finalmente, ter encontrado personalidade própria, ou quase: recorreu às inanidades do Centeno. O problema ficou resolvido, isto é, a médio prazo os impostos serão aumentados aos 16% dos portugueses que já suportam 80% dos ditos.
18.12.15