O BAILE DOS TRAIDORES
Nesta coisa da guerra na Ucrânia, algo há de positivo (passe o cinismo): o fim dos mortos, doentes, infectados, recuperados, hospitalizados, o silêncio dos epidemologistas, cientistas, médicos, matemáticos, freitas, temidas, máscaras, ofensas à moral e ao direito, trafulhices constitucionais, tudo o que desde há dois anos colabora no culto do medo, da obediência, da anormalidade em que temos vivido. Putin silenciou-os.
Graças ao Putin, livrámo-nos dessa ameaçadora e poderosa alcateia. Mas veio coisa pior, desta vez o medo a sério, o medo do fim da liberdade, da segurança, da racionalidade. Há, é verdade, e ainda bem, uma vasta união contra a reincarnação oriental do Hitler.
Mas, estando tudo em causa, há quem se entretenha a desacreditar a razão. De uns, é o que seria de esperar: as loucas bojardas do PC, as tergiversações do BE, as hesitações do Chega, eram previsíveis. Mais grave é que tais manifestações de visceral ódio à liberdade - coisa de que, ocasional e oportunisticamente, se servem - são as “posições” dos não poucos idiotas inúteis que por aí vicejam. São às dezenas. O senhor Biden era uma besta quendo dizia que a Rússia ia invadir a Ucrânia. Agora continua a sê-lo embora tenha avisado e acertado. A história das “idiossincracias” russas é esgrimida por plumitivos vários, com destaque para o petulante Sousa Tavares, cujo pai deve dar urros na tumba. Abudam os “historiadores” e os “intelectuais”, de esquerda e de direita, todos em formatura a encontrar “razões” para achar “natural” a acção do Putin, besta fatal da nossa idade. E até, imagine-se, o estúpido mor da nação, senhor Rio, tece considerações económicas sobre as sanções “que nos vão prejudicar”. Olhem a novidade!
Nem a evidente ameaça nuclear da besta move, ou comove, esta gente, na sua sanha de desacreditar a razão.
Sempre houve e haverá traidores que se entretêm a limpar as armas em tempo de guerra. Devem achar que o Chamberlain e o Daladier é que fizeram bem. Devem achar que o Putin e o fantoche bielorusso são uns tigres de papel, que o Maduro é um herói, que Cuba é um paraíso, que as Falkland são Malvinas, que há ditaduras que libertam.
O sono da razão engendra monstros, ou ignora-os, mesmo quando já os tem à porta.
28.2.22