O CAPACHO
Não sei se ainda haverá, nos filiados, simpatizantes e eleitores do PSD, alguma margem de ilusão ou de esperança na patética pessoa do senhor Rio. Parece que não há um minuto, um momento, uma ocasião em que não haja, da parte da criatura, um seguidismo parolo e servil em relação ao PS.
Não sei quantas vezes Rio já foi humilhado, desprezado, espezinhado pelo Costa, mas sei que foram tantas quanto aquelas em que não se sentiu. Que não tenha dignidade que chegue para se sentir, será um problema entre o próprio e a sua consciência, se a tiver. Mas limitar a sua acção política a propostas idiotas, sem sentido ou sem futuro e/ou a meros apoios ao adversário, já é coisa que ultrapassa o mais elementar entendimento. Andar preocupado, não em assumir o seu papel de opositor, mas com o “muito trabalho” daquele a quem se devia opor, é uma coisa que dificilmente caberá na cabeça de qualquer ser pensante. "Comer" que o Centeno passe directamente do governo para o Banco de Portugal – um desavergonhado esquema socialista – não se compagina com a dignidade nem com a história do PSD. Aceitar cegamente as limitações à liberdade das pessoas sem qualquer sentido crítico, não é fazer oposição, mesmo que “construtiva”. É estar parado quando se lhe exigiria acção, opinião, centelha.
Rio até a oposição trespassou para o PS, para os barões socialistas que, à falta de melhor, se engalfinham uns com os outros. Para quê enfrentaria Costa a oposição democrática, se ela não existe, nem no parlamento, nem na imprensa, nem em nada que não seja o populismo do BE e do Chega, com o PSD em permanente falta de comparência?
Aproxima-se a maior, mais grave e mais inimaginável crise da nossa história. O que vemos agora é uma pálida imagem do que está para vir. E não se encherga, da parte do PSD, uma só ideia nova. O PNSantos pode continuar carroceiro, o Medina ditador, a Temido parvalhona, os primos e cunhados do PS instalados, o Costa a ocupar tudo, da informação à agenda. Transformado por Rio em capacho do governo, o PSD sossobra na apatia bacoca de um chefe mais preocupado com o seu portismo regionalista que com o país ou o partido.
Costa tem razão, isto é, sabe onde navega. De um lado, tem à disposição os parceiros que elegeu. Se estes falharem, do outro estará, sempre, atento e venerador, o indefectível Rio. Costa, imperial, fica com tempo de sobra para acalmar os barões e os lacaios, explicando-lhes que ou se portam bem ou ficam sem malga.
9.7.20