O MISTÉRIO DAS PERNAS
Num dos seus habituais artigos de Domingo, o jornalista/socialista Vicente Jorge Silva, depois de judiciosas considerações sobre os incêndios - que revelaram a “insensibilidade inexplicável de Costa”, bem como a sua “cegueira” e a sua “rendição inevitável” às “exigências” do senhor de Belém – entra numa acerba crítica ao governo.
Na douta opinião do homem, este governo tem duas pernas, uma boa, que “funciona”, e uma má, que não presta. A perna boa é o Costa e o Centeno, a perna má é o resto, sobretudo os chamados ministros da defesa, dos negócios estrangeiros, da administração interna, da saúde, da justiça, da educação, da cultura, tudo fulanos “incapazes” e/ou “decorativos”. Um executivo “disfuncional”. Por isso, não basta uma demissãozinha “parcial e de emergência”, é preciso uma “remodelção global”.
É um gosto ver socialistas a ter consciência das coisas. Mas fica um mistério por resolver, o da perna boa. Então o Costa, “insensível” “cego”, chefe de um governo “incapaz” e "decorativo", é a perna boa? E o Centeno, primário ambicioso, comprador de votos, clientelista de gema, a cavalo no que outros fizeram, lançador de impostos, inimigo das empresas e da economia, fabricante das mais discutíveis e ruinosas manigâncias propagandísticas, impulsionador da dívida, faz parte da perna boa?
O raciocínio está de pernas para o ar, o homem leva o seu “pêèssismo” estrebuchante aos píncaros e finge não perceber que acha boa a pior das duas pernas, Costa e Centeno. Os outros, a perna má, não são mais que uma triste mas lógica consequência dos primeiros.
Não sei se o chamado governo tem ou não tem duas pernas. Mas, como quem se preze e aos demais não deixará de concordar, sei que uma remodelação “global” seria bem vinda, isto é, não devia ficar ninguém fora dela, a começar pelo Costa e pelo Centeno.
23.10.17