O MITO DE SÍSIFO
Não sei se a imagem da pedra às costas terá sido a mais feliz que a ministra das finanças podia arranjar para ilustrar a nossa situação. Trata-se de uma utilização invertida do Mito de Sísifo.
O pastor empurrava a pedra pelo monte acima e, quando estava quase a triunfar, uma força irresistível fazia-a rolar de novo pela encosta abaixo, obrigando Sísifo a tudo recomeçar. O mito, como é sabido, foi utilizado por Camus para ilustrar o absurdo da vida. Para Sísifo, em cada escalada a pedra era mais pesada e a tarefa cada mais difícil.
Dona Maria Luís começa por pôr a pedra às nossas costas. Não a empurramos, puxamo-la. Em vez de se tornar cada vez mais pesada, à medida que subimos a montanha vai aligeirando, tornando cada vez mais provável chegarmos lá acima e livrarmo-nos dela.
Compreende-se a imagem. Mas é inquietante. É que, se, num cenário de catástrofe, imaginarmos o PS a governar – e a cumprir o que propagandeia – podemos ter a certeza que a pedra passará a pedregulho e a queda pela montanha abaixo será garantida.
Nenhuma das receitas socialistas provocou, fosse onde fosse, os resultados que os macroeconomistas e os políticos do PS acham que, entre nós – somos os maiores! – provocariam. As ilusões pagam-se caro.
Por isso que, se o Mito de Sísifo, em versão Maria Luís, tenta infundir esperança não deixa de ser motivo para um medo dos diabos.
17.6.15