O MONTENEGRO QUE SE LIXE
Com cão ou sem ele, o Montenegro está feito.
- Uns tipos deitam fogo a um autocarro, queimam o motorista coitado do motorista, todo assadinho, foi ignorado pelos media durante semanas. Alguns canalhas já identificados estão devidamente guardados numas celas, à espera que um juiz, agora de fim de semana, lhes dê destino.
Vai daí, o Montenegro faz uma conferência de imprensa mais ou menos infeliz, acompanhado por todos os polícias, mais umas ministras, a fim de dar ao povo a certeza de que estavam todos unidos na luta contra os terroristas.
A Nação revoltou-se com este terrível acto. Não houve bicho-careta dos chamados agentes de “comunicação social”, antigos e modernos, que não desatasse aos gritos. Se o Montenegro não tivesse dito nada, desatavam aos gritos na mesma. E o mesmo fariam se ele tivesse dito, ou feito, outra coisa qualquer.
- O Montenegro, como lhe compete, mandou fazer um orçamento. A gritaria começou, durou, durou mais, e mais e mais. A coligação PS/Chega dominou a artilharia, com a ajuda de uns pinduricalhos parlamentares. Deram cabo da coisa tanto quanto a sua limitada inteligência permitia. E a coisa, devidamente esfarrapada, foi aprovada por eles! Chama-se a isto coerência. Há coligações que, estando em causa os seus interesses, a que chamam “interesse nacional”, nunca falham. Esta, aliás, já tinha funcionado maravilhosamente em várias outras ocasiões. E voltará a funcionar em quaisquer outras, desde que o Montenegro se lixe.
- No meio disto tudo, a coerência continua a funcionar. O indesmentível líder da coligação já veio, com todas as letras, afirmar que o seu partido votará contra todas as propostas de autorização legislativa apresentadas pelo Montenegro. Todas. Sejam elas quais forem. Não interessa o que digam, são do Montenegro, são para chumbar. Todas. Se houver falta de votos, lá estará o Chega para dar uma ajudinha. Quando é preciso, lá está. Gente de confiança. De notar que, quanto a esta tão inteligente afirmação do PNS, nem um só dos artistas em palco na tal “comunicação social” se pronuncou. Devem ter achado bem. Se não acharam, ou estão pagos ou acham que podem vir a estar. Ou, sejamos moderados, são só esquerdófilo-cretinos.
- Vieram os cartazes. O Chega fez a sua rábula. Desta vez, o aliado aproveitou para dar uma ajudinha. Um estardalhaço monumental em que, não sendo possível defender a palhaçada, o PS fez o que pôde para lhe dar publicidade. Ganhou o Chega. O Montenegro, desta feita, não estava à mão. Pagou o Branco de tabela.
E assim vai o préstito.
1.12.24