O MURO DE BERLIM DO PS
É muito interessante que os zelotas do PS, entre os quais avulta esse estranho ser (o IRRITADO, hoje, está muito simpático) que dá pelo nome de Ferro, ainda se dediquem a esgrimir com o PEC 4, como se tal e tão asnática “solução” alguma vez tivesse servido para alguma coisa que não para nos enterrar ainda mais fundo do que já estávamos.
O PS funciona em relação ao problema exactamente como o PC em relação ao muro de Berlim. Para o partido bolchevista (os outros partidinhos de seita meteram a viola no saco), aquilo na RDA era uma maravilha, os tipos que de lá fugiam eram uns traidores e, muitos deles, foram muito bem abatidos a tiro, o muro era a defesa do “povo” contra o capitalismo e o imperialismo, e mais uma série de patacoadas e aldrabices.
Para o PS, o PEC 4 era a salvação da Pátria, um golpe de génio, um documento que, ao contrário dos três anteriores, não se destinava a um rotundo fracasso, chumbá-lo foi uma traição à democracia, o país estava em boas mãos – as do Pinto de Sousa e camarilha -, não há desculpa para se ter cedido ao capitalismo de casino e aos malefícios do neoliberalismo, e mais uma série de patacoadas e aldrabices.
Toda a gente tem os seus gurus, os seus tótemes, as suas crenças, as suas simpatias. Mas, quando tais simpatias são informadas por uma cegueira desmedida, deixam de ser fraquezas para passar a estúpidas superstições.
Ainda estaremos a tempo de erradicar tais superstições de uma vez por todas? Duvido.
27.11.14
António Borges de Carvalho