O QUE É DEMAIS PASSA DA CONTA
Há quem diga que foi Caracala quem disse que “aos mortos se deve sempre a maior das homenagens, desde que tenhamos a certeza de que estão bem mortos”.
Não sei se foi por isso que o senhor de Belém, em ditirâmbicas declarações, e seguindo a opinião generalizada da nacional-bempensância, resolveu dizer que o camarada Arnaldo Matos era um “defensor ardente da liberdade”, coisa que nunca foi. O senhor de Belém quis aproveitar a morte do “grande educador da classe operária” para fazer mais uma das suas abrangentes rábulas. É tudo. Sabe, como todos nós, que Arnaldo Matos podia ser muito boa pessoa mas jamais defendeu qualquer espécie de liberdade.
Uma larga série de antigos jovens seguidores deste empedernido maoísta, alguns de larga projecção política, tiveram rebates de consciência e perceberam onde andavam metidos. O senhor de Belém não percebeu? Arnaldo Matos nunca saiu da sua. Pode elogiar-se-lhe a coerência, como pode elogiar-se a de Mao, Fidel, Cunhal, Kim e outros figadais inimigos da liberdade.
Mas, convenhamos, o Presidente de uma república que se diz amiga da liberdade, do Estado de Direito e de outras coisas do género, tecer encómios a um dos mais ferozes e persistentes inimigos destes valores, ultrapassa o perdoável, mesmo que se siga a máxima de Caracala.
25.2.19