O RABO VIRADO PARA A LUA
Como sabe quem o lê, o IRRITADO não é apreciador do chamado primeiro-ministro. Abomina os “princípios” morais e políticos que o levaram ao poder no partido e no país. Despreza os seus discursos. Detesta os seus áulicos e os seus parceiros. Não acredita um bocadinho que seja na excelência do nosso futuro nas suas mãos. Denuncia-lhe as mentiras, as inverdades, as aldrabices, as patacoadas. Descobre-lhe carecas, sublinha-lhe fífias, põe à vista manipulações, cambalhotas, o vale tudo, a ausência de escrúpulos, a infrene gabarolice.
Feita esta honesta e resumidíssima declaração de interesses, que só peca por suavidade, diga-se que ao citado indivíduo se aplica como um luva o dito popular que reza “todos os malandros têm sorte”, ainda que chamar malandro ao homem seja demasiado elogioso.
Mas lá que tem sorte, tem, e não pouca. Vive da herança de Passos Coelho, dos tostões que a dona Maria Luís para aí deixou. Sobe o emprego à custa das reformas das leis do trabalho do governo anterior. Aproveita, ainda que mal e pouco, a embalagem adquirida antes dele e, sem resolver ou resolvendo com os pés os problemas que herdou e criou, pode à vontadinha usar arengas de marqueting sem que lhe descubram os podres. Junta a isto o boom do turismo, coisa que também vinha de trás mas que chegou aos píncaros no tempo dele sem que para tal precisasse ou tivesse de mexer um palha. Mais sorte é difícil.
Juntemos a isto o adiamento e/ou os disfarces das consequências das chamadas reversões, das cedências à cartilha esquerdoida, aí temos o caldo onde, para já, fervilha a sorte, a propaganda e o “prestígio” do indivíduo.
Não se assuste. Há mais. Subitamente, um data de benesses do destino lhe caem sobre a parabólica cabeça. O 13 de Maio de 2017 foi, para a criatura, uma espécie de árvore de Natal cheia de presentes vindos da chaminé, com o não merecimento do menino. O Papa lado a lado com ele e com Marcelo, o seu mais importante, ilustre e incondicional apoiante. Os pastorinhos canonizados, mesmo sem ser filiados no PS nem terem sido adeptos do Afonso Costa. Um rapazito com um penteado inimaginável, gemendo de mor e auto dedilhando-se, ou arranhando-se, ganha um festival internacional, importante ao que se diz. O Benfica, na augusta presença do homem e do seu abstruso ministro das finanças, ganha o campeonato.
Fantástico.
Não fora o problema do morcão lá do Norte e dir-se-ia que era o jackpot.
15.5.17