O RIO É DO PS, OU FAZ-SE?
Se o senhor Rio tivesse alguma noção do que é a dignidade, ter-se-ia demitido na noite das eleições. Mas não o fez.
Se procurarmos as razões para tão estranha atitude, não será difícil encontrá-las. Durante seis longos e tristes anos, o senhor Rio, dito líder da oposição, não fez oposição nenhuma. Zero. Entreteve-se com outras matérias, que não eram matérias para ninguém. Rodeou-se de zeros, uns tipos ridículos, sem ideias nem projectos: as poucas excepções (três, conto eu) eram gente séria mas sem estaleca política de nenhuma espécie. Há até fulanos abaixo de zero, como um melenas do Norte que negoceia em relvas ou o senhor Silveira, ou Silvado, perdão, Silvano. Encostou o partido à esquerda, ignorando que jamais foi outra coisa senão de direita, entendida direita como à direita do PS. Foi um servo fiel do status quo, um auxiliar da situação.
Na hora da verdade eleitoral não reconheceu que se tinha enganado. Pior, insiste em ficar e dominar o futuro. Na sua traiçoeira mente, convencido que é alguém porque diz umas em alemão, prepara as coisas para continuar no poder, seja quem for o líder que se segue. Minar-lhe o futuro metendo os seus em tudo o que é lugar antes que o outro seja eleito. Não lhe chega o inevitável, que é tal sucessor ficar a braços com um grupo parlamentar inventado por ele. Há que ocupar com os seus zeros todos os lugares que puder, antes que o outro seja eleito. Minar ainda mais o futuro do partido.
Que explicação poderá estar no fundo desta coisa, a que caridosamente há quem chame desnorte? Não há desnorte nenhum. O senhor Rio atribuiu a si próprio a missão de destruir o PSD, ou o que dele resta. Enquanto tiver estatuto para tal, prosseguirá a sua missão. Quem lha outorgou? Se calhar, chegou à conclusão que o PS é social-democrata, deixando de haver necessidade do PSD.
Daí que, em termos lógicos, só não preencherá a ficha no Largo do Rato porque acha que, afinal, como raminho de salsa, talvez uns restos possam servir para melhor apoiar o Costa.
Isto não é, da parte do IRRITADO, teoria da conspiração. É só olhar os factos e tentar percebê-los
20.2.22