O SONO DA RAZÃO
É sabido que o chamado governo, entre outras matérias, é totalmente incompetente na história dos professores. Reparem que não me refiro à educação, mas aos professores. Por mais que gritem que estão muito preocupados com os alunos, já não há quem vá nisso. Estão preocupados com tostões, manifestações, reuniões, televisões (ai que ricas televisões!), a última coisa que lhes passa pela cabeça é o problema dos alunos. São tão credíveis como o governo em geral e o ministro em particular. A extrema esquerda (parece que a extrema direita também já quer lugar no palco...) toma conta do assunto com mestria, o xarroco, por conta do PC, o tipo do STOP por conta do BE, e outras franjas, seguidos por manadas de irresponsáveis, não largam os tele-jornais, ocupam as manchetes, gritam e exploram a histeria própria e alheia. O primeiro-ministro (há disso?) está calado, foge aos encartes como é seu hábito, não sabe de nada, não lhe disseram nada, não é responsável por nada, não se pronuncia, coisa alguma o incomoda... coitadinho, anda a pensar no seu internacional futuro e, tirando o pupilo Galamba, o resto é caspa.
No meio da bagunça, os alunos nem de moeda de troca servem, são pormenor de somenos . O chamado governo faz o mesmo que criticava ao Passos (há vida para além da dívida, Sampaio dixit), as contas certas do Passos eram um erro, as contas certas do Costa são um acto heróico, só que o Passos estava a tinir por obra e graça do PS, e o PS, hoje, nada em dinheiro. Afinal, vive à custa das contas do Passos.
Escrevia Filomena Mónica aqui há dias que, no tempo de ditadura, a maioria estava apática. É verdade. Hoje, parece que a democracia produz efeito semelhante. Cansados de tanta trafulhice, de tantra aldrabice, de tanta propaganda (em matéria de propaganda o Costa mete o Salazar num chinelo), o pessoal deixa arder, na triste convicção de que nada vale a pena.
Sair disto? Ninguém sabe como. Saberão, no futuro, multidões de alunos sem aulas, sem exames, sem avaliações, sem serviços mínimos, sacrificados à sanha irresponsável dos professores e ao deixa andar do Costa. Verão que sairam disto incultos, ignorantes, sem oportunidades.
“O sono da razão engendra monstros”. Está a engendrar. Já temos monstros com fartura.
4.6.23