OLIVENÇA
Anda para aí um anúncio, de págima inteira, duma coisa que se chama MEO, onde um tipo qualquer abraça um giagantesco dístico onde se lê OLIVENZA - grafia castelhana. O slogan, por sua vez, reza “Portugal e arredores”.
Talvez a respeito das burrices do ministro da defesa nesta matéria, havia que explorar o assunto com lata, acrescida de ignorância. A referência a “arredores” outra coisa não significa que não seja que Olivença é um “arredor” de Portugal, que não Portugal.
Vejamos. Olivença foi roubada (“tomada” manu militari) pela Espanha, nas confusões da guerra peninsular, julgo que quando Castela, ou Espanha, ainda esatava “feita” com os franceses. Mais tarde, o referido país, assinou um tratado que impunha a restituição do concelho ao seu legítimo proprietário, ou seja, à soberania portuguesa. Espanha, useira e vezeira nestas matérias, jamais cumpriu o que assinou.
Hoje, a situação é esta: Olivença está apinhada de espanhóis e de património histórico português. Absurdo, mas verdadeiro. Quem lá vai, percebe que está em Espanha. Não há nada a fazer, nem a Portugal convém pôr-se aos pulos sobre o assunto. Para chatices e roubalheiras a água do Alqueva já chega. Idiota seria levantar a questão depois de tantos anos. Mas, convenhamos, a fronteira, à luz do direito internacional - vem nos mapas (das estradas e da ONU) - não é reconhecida por Portugal, e muito bem. Uma coisa é tolerar uma situação de facto, outra é reconhecê-la de jure. Digamos, para simplificar, que Olivença será “território português sob administração espanhola”, ou coisa do género. Ponto.
Mas não é um “arredor”! Nenhuma empresa, maxime a monstruosa e antipática MEO, tem o direito de o afirmar.
Vão lá estender o sinal para onde lhes apetecer, mas sem dar (mais) pontapés na História, no Diteito, ou na gramática.
23.10.2024