OPERA BUFA
Estou espantado. O ataque de moral republicana que assolou o governo fez uma vítima! Tenho uma enorme pena do fulano que foi demitido por contratar um primo para adjunto. Em boa verdade, acho que este caso não tem mal de maior. Sobretudo porque, como os factos demonstram, se trata de prática habitual do PS. Não se percebe a diferença entre este caso e os mais de trinta que andam aí nas bocas do mundo. Porquê este, e não os outros todos? Porque não se demite o governo em bloco, se está, como diz agora, contra estas manigâncias? Sacrifica uns desgraçadinhos e ignora o peixe graúdo.
O chamado primeiro-ministro já arrancou para a costumeira fuga em frente. Ele, coitadinho, que até é um tipo cheio de pruridos morais, que jamais praticou a teoria dos jobs for the boys, e até teve a carinhosa atitude de a transformar em jobs for the siblings, está preocupadíssimo com o assunto. A prová-lo, vai de propor uma nova lei de incompatibilidades que evite a continuação dos hábitos da casa! Como se tais casos, se forem de evitar, se evitem com leis! É de um cinismo, ou de uma hipocrisia a toda a prova. Fogo de vista, areia para os nossos olhos, já que é praxis socialista achar que somos todos burros, e que os burros merecem ser, todos os dias, albardados com patranhas.
Pior ainda é que o senhor de Belém tenha vindo a correr, como é seu indesmentível hábito, apoiar a brilhante proposta do amigo Costa. Em vez de se calar, ou denunciar, veio bater palmas. Pois, mais um “código de contuta” para entreter os burros, safar o insafável, e esquecer no dia seguinte à sua entrada em vigor. Estes factos, ou se esquecem ou se assumem, não há meio termo.
Nós, que assistimos, com espanto e nojo, a esta desafinada ópera bufa, por aqui ficamos à espera do quinquagéssimo acto, e a pagar os bilhetes.
5.4.19