ÓPERA BUFA
Ninguém, dos atacados, devia ser penalizado na ópera bufa da TAP.
Não certamente a senhora dos 500.000, que mais não fez que discutir o montante e aceitar o negociado com advogados das duas partes e aprovado por administradores, ministros, secretários de Estado, o próprio primeiro-ministro (que manda neles ou devia mandar), tudo gente que aceitou e apoiou pô-la na rua da TAP e pagar-lhe o que pagou (verba aliás comum e não exagerada em casos do género), e mais, a compensou com novo cargo público e até com um lugar no governo - se é que o há.
Não certamente a dona Ourmières, que geriu a TAP, empresa pública tradicionalmente deficitária e a presenteou, em pouco tempo, com uns trinta milhões de saldo, senhora que, não gostando da colega, a quis pôr a andar e se rodeou dos pareceres da ordem e das autorizações do accionista Estado através dos seus altos representantes.
Ficou, porém, provado que tais senhores, apanhados em falso, desataram a mentir, a desmentir, a desculpar-se e a culpar terceiros, com ridículas piruetas e flic-flacs de feira, mais preocupados em não cair num mar de vergonha do que noutra coisa qualquer. Agora que se espetaram e se continuam a espetar, entraram no jogo do passa culpas e decidiram como de costume: a culpa é delas!
Não se pode ser mais rasca.
Uma terá que devolver o que recebeu (líquido seria menos de metade dos 500.000) e, segundo os jornais de hoje, ter que pagar uns 18.000 em multas.
A outra não se sabe, mas consta que vai espernear nos tribunais, para além de chamar a esta gente os nomes que esta gente merece, o que ribombará além fronteiras, para grande gozo dos interessados em comprar a TAP e para desprestígio do país.
O IRRITADO, que nunca simpatizou a francesa, deseja-lhe boa sorte. E que estes tipos vão todos para onde merecem ir.
8.3.23