OPOSIÇÃO À MODA DO PORTO?
Não sei o que dizer da performance do chamado chefe da oposição na sua primeira entrevista, meses após ter sido eleito. Ou custa-me dizer o que tenho a dizer.
Ao mesmo tempo que a situação do país, vítima das políticas equilibristas da geringonça, se degrada a olhos vistos, o senhor Rio apresenta-se, mole, acrítico, sem sublinhar verdades evidentes, sem se opor seja ao que seja, sem uma crítica ao seu rival, sem uma denúncia política, sem qualquer novidade, iniciativa, ideia, proposta, num entediante despejar de lugares comuns. Não se percebe o que o move, se é que alguma coisa o move, ou comove. A Câmara do Porto tê-lo-á feito esbarrar num patamar qualquer do princípio de Peter. Não deu por isso. Ainda não saíu da Avenida dos Aliados, ou pensa que o papel que lá desempenhou pode ser copiado para a governação do país.
Rui Rio é um problema nacional: põe em risco a alternância democrática que lhe competia defender, defrauda, por defeito, as expectativas de quem o queria apoiar. Assiste impávido ao que se passa, aos erros clamorosos do seu rival, à giga-joga da pesporrência e da propaganda enganosa do poder, ao estado da Nação, ao estado do Estado.
Em relação ao orçamento, repete o argumento do Jerónimo: não se pronuncia sobre uma coisa “que não existe”. A diferença é que, no caso do Jerónimo, toda a gente tem a certeza de que vai aprová-lo; no caso de Rio, quem sabe? Aprovar o orçamento, ou ter dúvidas, é pôr a hipótese de apoiar a continuidade da geringonça. Pouco ou nada tem a ver com a tal coisa “que (ainda) não existe”.
Para um chefe da oposição o que se passa deveria ser terreno fértil para se opor a sério e para mostrar outros caminhos. Mas parece que essa missão é mais dos parceiros do governo que do Dr. Rui Rio.
25.7.18