OS CUCOS
Anos atrás, os estaleiros de Viana do Castelo, empresa pública, entraram em crise. Muitas razões terá havido para tal, mas a grande machadada, a finaL, a letal, fou vibrada por um indivíduo que, hoje, é presidente do Partido Socialista, chefe do seu grupo parlamentar e, diga-se com inteira justiça e em abono da verdade, o mais “endogâmico” de todos os portugueses.
Era ele chefe do governo dos Açores. A região tinha encomendado um importante navio aos estaleiros, para transportes inter-ilhas. Estava o navio pronto, mas descobriu-se, talvez com razão, que a velocidade de ponta era um nó abaixo do combinado. O “dono da obra” ficou de tal maneira agastado, e não houve meio termo: cancelou a encomenda, recebeu de volta o que já tinha pago, foi alugar (por fortunas) embarcções à Grécia, e deu cabo dos estaleiros de uma penada.
Centenas de trabalhadores sem trabalho, um buraco financeiro dos diabos, o navio vendido ao preço da chuva. O açoriano veio para o continente e, em reconhecimentos dos altos serviços que prestara à Pátria e a Viana do Castelo, acabou por ser levado em ombros à presidência do Partido Socialista. Tem a sua lógica, não tem?
Chegou, entretanto, um governo decente. A desgraça socialista tinha chegado ao fim. Esse governo concedeu a exploração dos estaleiros dos estaleiros a uma empresa privada. O clamor foi geral. Canalhas, malandros, querem privatizar o que é do Estado, nosso, de todos os portugueses! Neoliberais, proto fascistas!
O tempo foi passando. Os estaleiros sairam da fossa, os empregos foram recuperados, sendo realista pensar que tudo continuará em boa senda.
O lançamento de uma nova embarcação foi realizado com pompa. Muito bem. A geringonça apareceu em peso, apropriando-se de mais este “feito”. Não sei se lá estava o açoriano. Quem não estava de certeza – não era bem vindo – foi quem cometeu o “crime” de salvar os estaleiros, ou seja Passos Coelho e Aguiar Branco, por exemplo.
Os cucos estão no poder.
14.4.19