OS DIREITOS DO HOMEM E A LÍNGUA PORTUGUESA
O IRRITADO está de acordo com a igualdade de género, entenda-se entre homens e mulheres.
Muito bem. O pior são os exageros, tipo dona Gilda que se diz “presidenta” do Brasil, ou dona não sei quantas, castelhana de serviço aos direitos de autor do defunto.
Ontem ouvi uma rapariga assaz importante do PSD clamar que os direitos do homem têm que deixar de ser “do homem” para passar a “humanos”. Os exageros são sempre pouco inteligentes. Neste caso, é sabido que, regra geral, na língua portuguesa, o colectivo é do masculino. Pelo que dizer “do homem” é rigorosamente o mesmo que dizer “humanos”, sem tirar nem pôr. O mesmo com a generalidade dos políticos quando falam em “portugueses e portuguesas”, porque o primeiro substantivo é colectivo e segue, ou devia seguir, a regra geral. O mesmo com “cidadãos”: quando se fala de uma mulher, deve dizer-se “cidadã”, mas, no colectivo, elas estão abrangidas por “cidadãos”.
Se levássemos estas parvoíces até ao fim, emtão o IRRITADO encetaria uma campanha para que os autarcas passassem a autarcos, os motoristas a motoristos, os presidentes a presidentos e os doentes a doentos. Por exemplo. E no reino animal? As manadas de vacas passavam, obrigatoriamente, a mandas de vacas e de bois, os rebanhos de cabras a rebanhos de cabras e bodes e os bandos de pássaros a bandos de pássaros e de pássaras. Bonito, não é?
A nacional-estupidez já pariu o acordo ortográfico. Por este andar, ainda havemos de assistir a uma espécie de acordo sexual, abolindo os substantivos colectivos, os comuns de dois, etc.. Talvez a senhora importante do PSD queira lançar algum projecto de lei neste sentido. Tudo se pode esperar destes entendimentos dos direitos do homem.
2.9.14
António Borges de Carvalho