PAGAR MALUQUICES
Certamente por inadvertência, o jornal “progressista” e politicamente correcto chamado “Expresso” publicou um quadro intitulado “O que pagamos na factura de lectricidade em 2017”.
Segundo as contas do dito jornal, julga-se que feita com base em dados reais, as alcavalas da energia, que todos pagamos, somam, este ano, a módica quantia de 2.429,3 milhões de euros. Nesta bonita soma, os hediondos CMECs ocupam um lugar relativamente modesto – 320,1 milhões (13%), enquanto os frutos da política energética nacional, vulgo moinhos de vento, nos custam 1.316.9 milhões, ou seja, 54% das chamadas “rendas excessivas”. O resto, sem ser peanuts, tem expressão menos pesada, a saber: rendas dos municípios, 254.4; sobrecusto dos CAE a produtores, 154.3; défices tarifários, 153.6; interruptibilidade a consumidores 137.9; regiões autónomas, 45.9; garantia de potência a produtores, 21.9; terrenos, 13; outros103,4; sustentabilidade, -92.2.
Aqui há tempos, houve um investidor português que propôs ao governo a construção de uma central nuclear que garantiria uma produção de energia pelo menos equivalente à da floresta de moinhos de vento que por aí viceja. Não sei se a proposta era boa ou má. O governo da altura, sob a alta direcção do impoluto e honestíssimo senhor Pinto de Sousa, dito engenheiro Sócrates, também não sabia. A diferença é que eu gostava de saber, o governo não. Coerente com esta sensata posição, declarou que o assunto estava “fora da agenda”, não merecia que se fizesse contas. O resultado desta sábia decisão, só em 2017, cifra-se nos 1.316,9 milhões acima referidos, que vamos pagar, sob pena de ficar às escuras. Da hipótese nuclear não se sabe, mas há fundadas certezas de que nem de longe se poderia comparar à presente extorsão eólica. E, maugrado as opiniões dos ecoterroristas, teria um impacto ambiental incomparavelmente inferior.
A vida é o que é. Manda quem está na mó de cima, paga quem lá não está. Os chamados defensores do ambiente, que de tal pouco têm, estão no activo, são subsidiados pelo Estado (mais um custo...) e falam de ciência certa.
Eu acho que CMECs, CAEs, défices tarifários, interruptibilidades e outras manigâncias deviam ir todas para o caixote do lixo. Se alguma tivesse explicação explicável ou compreensível, que fosse cobrada por outra via que não a da ameaça de corte da energia de cada um, forma ultra cobarde de se fazer pagar.
Mais uma vez, a vida é o que é. A ditadura está metida nas frinchas da democracia e é protegida por “reguladores” a soldo do Estado: outro custo que nos vai parar ao bolso.
12.6.17