PALAVRA DADA
Aqui há tempos, o inacreditável senhor dito ministro da saúde teve uma saída digna de nota. Sem mais nem menos, anunciou às massas que ia mudar o Infarmed para o Porto. Dificilmente poderia ter feito um anúncio mais inesperado, mais estúpido, mais desprovido de qualquer lógica. Facto porém é que se tratava de coisa da geringonça, uma vez que o respectivo condotieri o confirmou e reconfirmou pelo menos cinco vezes, como se se tratasse de um golpe génio. A prová-lo, esta citação (Costa dixit) de grande alcance: “vou dizer pela quinta vez que o Infarmed vai para o Porto”. Ia dizer, e disse.
A decisão estava tomada, a palavra dada, só faltava consumar a ideia ou, como modernamente se diz, “implementá-la”. Era simples: construia-se um palacete no Porto, quem sabe se projectado por um Pulitzer qualquer da região, fechava-se as instalações em Lisboa, pegava-se em 200 funcionários, metia-se a trupe a toque de caixa no alfa pendular, e pronto. Uns milhõezitos, e estava feito. O tipo do Porto aplaudia aos pulinhos de bulhónica felicidade.
Mas a estupidez era de tal ordem que até o Costa percebeu. Vai daí, usando a sua extraordinária habilidade de comunicação, acabou a informar os indígenas sobre mais uma das suas invejáveis decisões: o Infarmed não vai para o Porto. É assim mesmo, palavra honrada é palavra honrada.
Resta saber duas coisas. Primeiro, se o Infarmed fica mesmo em Lisboa - o que, pelo andar da carruagem, está longe de adquirido -, segundo, se, no caso de não ir mesmo para o Porto , qual será a banana que o geringonço-mor dará ao macaquinho do Bulhão para evitar que ele desate outra vez aos gritos.
Tudo é possível, menos ver a geringonça a comprometer-se ou a responsabilizar-se.
24.9.18