PALHAÇADAS
O povo (ainda há povo?) assitiu ontem a uma das mais extraordinárias transmissões da história da III República.
De um lado, os médicos, os enfermeiros, os auxiliares, toda a gente, denunciam a situação catastrófica a que chegou a saúde: não há camas, as cirurgias estão super atrasadas, as 35 horas têm efeitos catastróficos, os dirigentes demitem-se, as mega-dívidas acumulam-se ao fim de três anos de cativações, etc., etc.. Nada corre bem - a não ser, claro, nos hospitais privados, mas isso não é o SNS, é uma coisa odiada pela geringonça.
Na mesma reportagem, logo a seguir, o chamado ministro da saúde afirma, peremptório, que há milhares e milhares de camas, que ninguém se demitiu, que não há problema de espécie nenhuma, que é tudo um mar de rosas.
O ministro é um palhaço, ou somos nós os palhaços? Somos nós, pelo menos na cabeça dos geringonços. Há três anos que vivemos num mar de aldrabices, de enganos, de propaganda descarada e sem escrúpulos. E comemos disso!
Que saudades dos tempos em que o governo dizia as verdades, mesmo que desagradáveis, preparava o país para um futuro, não de rosas, mas de horizontes menos negros. Não se vendia a “salvação”, não se disfarçava a austeridade, não se pintava o dia-a-dia com falsas cores. Os próceres da verdade acabaram por ser os mais votados, honra nos seja. Mas a geringonça deu, e dá, cabo de tudo, até da cabeça das pessoas, transformadas por ela em palhacinhos de segunda, incapazes de ver para além do tostão mimediato e do trabalho-cada-vez-menos.
A avaliar pelo que se passa, a palhaçada governamental tem pernas para andar, na medida em que quem a podia denunciar todos os dias passa a vida a oferecer-se como substituto dos comunistas na geringonça, num (Rui) rio de asneiras com que ninguém contava.
10.7.18