PARA QUÊ?
Cá na terrinha, ao aproximar-se o fim do mandato de qualquer eleito, vozes se levantam a infirmar tudo e mais alguma coisa que tal eleito queira fazer, ou faça. Legalmente não há limites mas, politicamente, se der jeito, inventa-se o que não existe - a não ser no que respeita ao Presidente da República, que, seis meses antes do fim, se vê privado da “bomba atómica” - o poder de dissolução do Parlamento.
Vem isto a propósito do contraste com o que se passa nos EUA. Obama está numa vertigem política, num frenesi, num afã decisório sem precedentes. Concordando ou não com a as suas decisões, ninguém, por lá, põe em causa a sua legitimidade para fazer o que faz a escassos dias de sair da Casa Branca. Imagine-se a barulheira que se levantaria em Portugal (já se tem levantado) se um governo, uns meses antes de se ir embora, resolvesse desatar a legislar sobre quaisquer assuntos, importantes ou não.
O que acima escrevo é um comentário inconsequente. Substancialmente, o que me traz é o espanto com que vejo as decisões do senhor B. Obama. Por exemplo: sabendo que quem o vai substituir é feroz defensor de Israel, tira o tapete a Netaniahu no Conselho de Segurança. Sabendo que Trump tenciona dialogar com Putin, desata a aplicar sanções à Rússia.
Não estou a tomar partido a favor ou contra uma ou outra das políticas de um ou de outro. É cedo para ajuizar. O que me parece estranho, se calhar por vício de portuga, é que Obama, sabendo que as suas políticas depressa deixarão de existir, havendo para tal um apoio parlamentar de que ele nunca gozou, mesmo assim, resolva avançar com temas tão polémicos.
Para quê? Gostava de saber. Para já, só sei que há por aí multidões de trutas que não deixarão de me “esclarecer” sobre o assunto.
30.12.16