PARABÉNS ÀS PRIMAS
No que se refere aos malefícios da geringonça, não serei dos mais atentos, mas também não sou dos mais distraídos. Tenho andado por jornais e revistas, telejornais e afins, à procura de entender os objectivos da alta peregrinação à Índia do chamado primeiro-ministro, competindo-me dar testemunho da minha ignorância quanto ao conteúdo da coisa.
Pensar-se-ia, ou esperar-se-ia, que uma visita de uma semana inteira se viesse a saldar por vasto número de reuniões políticas, inúmeros fora económicos, uma boa meia dúzia de acordos, protocolos, cartas de intenção, projectos de investimento e outras realizações mais ou menos úteis, mais ou menos com futuro.
Baldada me saiu a busca. O chamado primeiro-ministro foi, à pala do Estado, visitar umas primas, umas tias, umas casas, reviver recordações, reavivar laços de sangue, pôr uns turbantes, uns balandraus, e mais cinco para aqui mais cinco para ali, umas beijocas à mistura.
E pronto. Diz-se que também falou com o colega lá do sítio e com uma ou outra autoridade. Acredito. Mas haverá que perguntar porquê, para quê, por que carga de água, o que daí resultou.
Acho que as primas e as tias ficaram contentíssimas, convencidas de que tinham visto uma espécie de Albuquerque de pernas para o ar, isto é, um indiano que veio governar para o Ocidente. Verdadeira pérola do Industão, um primo ilustre, de valia universal.
Parabéns às primas. Quanto a nós, cá ficamos à espera do relatório, na suspeita de que, para além de sentida romagem de saudade a paragens de antanho, pouco ou nada ficou para o futuro.
Caro foi, de certeza. E o resto?
14.1.17