PARVOÍCES E ALDRABICES
O IRRITADO, como reconhecerá quem o lê, gosta muito de piadas. Com uma condição: que tenham piada. E com um problema: a esmagadora maioria das piadas que se vê e ouve por aí, mormente na televisão e na rádio, não tem piada nenhuma.
Vem isto a propósito das piadas que o ministro Pires de Lima resolveu debitar numa reunião parlamentar, piadas que se têm tornado virais, como se diz agora. O homem, cuja “obra” enche as almas de saudades do seu tão atacado antecessor, decidiu ter graça. Não sendo parvo – ao que se diz – fez uma das mais parvas figuras de que há memória nos anais do parlamento e não só. Pode o rapaz, quem sabe, ter jeito para muita coisa, mas para palhaço… zero.
Mais grave é o assunto sobre o qual o fulano “piadificou”.
Vejamos: o camarada Costa, passados não sei quantos anos de “rigorosa gestão” da CML, encontrou um buraco suplementar de sessenta milhões de euros e tenciona sacá-los aos munícipes. O homem - que acha que o governo, em vez de cortar na despesa, aumenta os impostos - em vez de cortar na despesa aumenta as “taxas”. Baril, pá. Muito imaginativo, não é? Os outros, os que aumentam os impostos, são uns incompetentes sem “sensibilidade social”. Ele, que aumenta as taxas, é de uma competência e de uma sensibilidade social a toda a prova.
O IRRITADO abanou quando ouviu a dona Roseta, na televisão, dizer que se tratava de pôr mais uns tostões na conta das dormidas dos turistas: inúmeras cidades, pela Terra fora, taxam as dormidas, não vindo daí mal ao mundo. Mas era mentira, como de costume: os tostões dos turistas são uma pequena parte da “taxação” costo/rosetista. O resto é para sacar na conta da água –trinta milhões – e no IMI – quinze milhões.
O homem, que promete repor os ordenados da função pública (e as pensões?), que diz que vai arranjar dinheiro para mais uma data de benesses, não é capaz de encontrar os tais sessenta milhõezitos a não ser indo buscá-los aos bolsos do seu rebanho.
Não tinha, diz ele, até agora, havido aumento de impostos na CML. Ai tinha tinha. O IMI, por exemplo. Mas aí, dirá angelicamente o Costa, a culpa foi das reavaliações o governo, ou seja, o dinheiro entrou nos cofres do Costa. Mas a culpa não foi dele, só o dinheirinho. No caso, terá sido um aumento “justo”, não é?
Aqui têm, meus amigos, a demonstração clara do que fará o Frei Tomás Costa se, um dia, desgraça das desgraças, chegar ao governo.
9.11.14
António Borges de Carvalho