PEDALAR ÀS ARRECUAS
Há vinte e tal anos, um Senhor com maiúscula, chamado Valéry Giscard d’Estaing, resolveu elaborar um documento a que chamou “Constuição Europeia”. Não chamava à Europa “confederação”, mas para lá caminhava, fiel a uma máxima em voga que postulava que a Europa era como uma bicicleta que, se deixássemos de pedalar, morria na estrada. A ideia era criar um poder político comum que fosse mesmo poder. É claro que a ideia foi liminarmente parar ao caixote do lixo da História.
Os europeus pedalaram, só que não no sentido da tal “constituição”. Em vez de enveredar num rumo político, pedalaram na direcção burocrática. Ao mesmo tempo que a representação diplomática da Europa nunca passou de uma anedota, as matérias de “soberania” europeia foram esquecidas e a organização dedicou-se a fazer regras e regrinhas, a dedicar-se a regulamentos minhocas... e a gastar dinheiro sem qualquer sentido político. A Europa da segurança, a Europa da defesa,a Europa industrial, a Europa como poder real neste mundo, nunca existiu. Agora, todos levamos no focinho com a irrelavância do continente, orgulhosamente mergulhados em carros eléctricos, painéis solares e moinhos de vento. Teoricamente, ó ilusão das ilusões, andamos entretidos a “salvar o planeta” (entidade cósmica que se está nas tintas para tal “salvação”).
Vamos a tempo de fazer alguma coisa a este respeito? Duvido. Estamos divididos. Há pouco quem queira tomar rumo num rebanho que, aos poucos, vai passando a saco de gatos.
Não há, nem jamais houve, “Constituição” que nos valha.
17.2.25