PERCEPÇÕES
Nos tempos da bronca da CGD ficámos a saber que o camarada Centeno era dado a “erros de percepão”. No caso, o erro serviu para disfarçar a montanha de aldrabices com que o dito tinha brindado o pagode. Caso encerrado. A malta, causticada por semanas de mentirolas, acabou por comer daquilo.
Mas os erros de percepção são hábito reiterado do homem dos bilhetes do Benfica. Ontem, numa das suas discursatas, disse que as boas notícias económicas se devem às políticas da geringonça, que “conforme previsto”, tinham aumentado as exportações. O que ele tinha previsto era que o tal relançamento fosse obra do aumento do consumo. Era mentira, como toda a gente sabe. Ou, na centênica linguagem, um erro de percepção.
Os orçamentos do Estado, esses, são um mar de erros de percepção. No tempo do governo legítimo, quando era preciso dinheiro fazia-se um orçamento rectificativo, coisa que a geringonça acha criminosa. Agora, trata-se as necessidades com cativações, com dívidas monumentais à economia e com discursos triunfalistas. Os erros de percepção orçamentais não são objecto de qualquer sombra da famosa “transparência”. São opacos, alteram-se por despacho, não por decisão parlamentar. A malta, essa, já come erros de percepção aos pontapés. Com o hábito, deixou de dar por isso.
Sinais dos tempos, da palavra honrada e da página revirada.
8.2.18