PÉS NO CHÃO
O PS, coitadinho, anda engalfinhado nas martingalas que lhe são próprias. O camarada Costa, respaldado pelo odioso Soares pai e odiado pelo não tão miserável Soares filho, avança, mostrando a lealdade, o bom senso e a honestidade política que lhe são próprias; os socrélfios, já devidamente encostados a Bruxelas, inamovíveis, riem-se com diabólica satisfação; a pífia (adjectivo soaresco) vitória eleitoral transformou-se em derrota (frase do Oco); figuras sinistras (adjectivo do IRRITADO), tais o Santos Silva e o Cravinho, rejubilam com um eventual regresso ao partidário galarim (estavam reduzidos aos galarins das sempre criteriosas televisões); quem sabe, o milionário de Paris - mais um protegido da TV - arreganha a dentuça.
Deixá-los, que o problema seria só deles se não fosse também nosso. Para já, disfrutemos do espectáculo de ópera bufa que nos proporcionam e não pensemos muito nisso, a não ser para uma boa troça. Depois logo se vê.
Punhamos os pés no chão. Não, não vou falar de Passos Coelho, que já os pôs, interna e externamente, ou sempre os teve no sítio, pés e outras coisas.
Hoje, os meus pés foram postos no chão pela gloriosa EDP. A benemérita organização mandou-me, e, julgo que ao resto da malta, uma gloriosíssima news letter, auto-eloguiando os seus feitos no fornecimento de energias renováveis, coisa que muito contribui para a camada de ozono, para as emissões de CO2 e para outras indispensáveis benesses, coisa a que devemos, ou devemos dever, na opinião correcta, os maiores agradecimentos. Nós e o mundo, o planeta, a ONU, a UE, o Gore e outros que tais.
Enquanto os grandes produtores dos odiados elementos que “matam o planeta e comprometem o futuro da humanidade” se estão nas tintas para tão ingentes problemas, Portugal (somos os maiores!, na opinião da EDP e do ministro do ambiente, entre outros) dá um exemplo global de correcção! Os moinhos de vento fornecem, segundo a EDP, 50% da energia que nós, inveterados consumistas, gastamos. E, no futuro, será ainda melhor! Hossana!
O problema é o que pagamos para ser um tão glorioso membro da comunidade internacional. A dona EDP, se fosse minimamente honesta, ou dissesse a verdade toda, devia acrescentar à news letter o preço que a coisa nos custa. Devia acrescentar à news letter o valor das rendas que lhe pagamos, bem como aos pimentas e outros privilegiados da nossa praça, à conta das ventosas maravilhas, devia acrescentar à news letter os custos das centrais térmicas que substituem os moinhos quando não há vento, devia acrescentar à news letter o maravilhoso impulso dado ao ramo pelo senhor Pinto de Sousa, as garantias de facturação que aprovou, as PPP’s idiotas que celebrou em nosso nome, os brutais desperdícios de energia que provocou, etc. e tal.
Pois é, meus amigos, à pala de patacoadas como a nossa “responsabilidade” no clima, à pala de negócios multimilionários como os das “emissões” de CO2, , à pala das políticas – e não só – do socraaldrabismo e de outras prestidigitacões da moda correcta, a indústria, a agricultura, a economia em geral, e nós, gemem e gememos com a energia mais cara da Europa, um gigantesco garrote económico e social.
Façamos como o Passos Coelho. Punhamos os pés no chão.
30.5.14
António Borges de Carvalho