PLANOS B
Como seria de esperar, não foi só o terrível senhor Schäuble a ter um plano B para a Grécia. Não tinha tal direito, diz a menina Martins, garante a Marianinha dos dossiers, gritam o careca e o Tavares mau. Malvado! A fazer contas de somir nas costas do povo grego! Parece impossível!
Ficámos agora a saber que não era só o tenebroso tudesco a traçar planos B. O Falhoufakis, com o agrément do Tripas, já tinha feito o seu, e há muito tempo. Mas, enquanto o Schäuble queria só uma saída do euro planeada, a prazo, faseada e o mais “pacífica” possível, o Fakis propunha-se criar dinheiro macaco, devassar as comunicações, o dinheiro, a vida privada de cada um. A fim de tornar as coisas mais “transparentes”, o Fakis contratava hackers para entrar nas finanças e tratar da saúde aos renitentes. À falta de melhor, o plano previa que a Grécia se sentasse ao colo do adorável Putin, também ele, como o Syriza, eleito pelo povo, como o Hitler (ora propagandeado pelo “Expresso”), eleito pelo povo, como o Haider, eleito pelo povo, como aquele tipo da Hungria, eleito pelo povo.
Estes “democratas” eleitos têm pontos comuns. No caso do Tripas, para já, temos as investigações decretadas na Grécia para, via várias entidades, ajuizar da fidelidade dos jornalistas à “via correcta”. Faz parte deste “tribunal” o sindicato dos ditos - o que nos dá ideia da profundidade a que o regime syrísico já chegou em matéria de “vigilância revolucionária”.
No parecer da chamada esquerda radical, o Schäuble não tinha direito a fazer um plano B, nem a considerar a saída do euro como possível, nem nada. O Syriza, por seu lado, tem todo o direito aos planos B que entender, a perseguir os jornalistas menos cómodos, a mamar no biberão do Putin, a vigiar as comunicações privadas, a assaltar sistemas informáticos, quem sabe se a ir abrindo uma linha férrea para a Sibéria, a fim de exportar os chatos.
A esquerda dita radical tem destas coisas. É que, sabe-se por experiência, e não só, que o verdadeiro socialismo só é viável em ditadura. Sempre foi assim, e será sempre assim, porque o socialismo é sempre desumano.
Donde se prova, além disso, que a democracia tem princípios e que quem não os aceita não tem nada a ver com ela, por muitos votos que conquiste. A democracia não se “aprofunda” pelo número de activistas ou protestantes que exerçam a sua influência nas decisões públicas. Só se torna mais rica se respeitar os princípios que lhe são próprios.
28.7.15