POBRES CRIANCINHAS
Há muitos, muitos anos, temos por cá uma coisa que se chama Conselho Nacional de Educação, com funções de aconselhamento dos governos. Esta tenebrosa agremiação, na generalidade esquerdista, tem-se dedicado a fabricar as mais extraordinárias teses, podendo dizer-se que foi um dos principais esteios teóricos da forma atrabiliária como têm sido feitas, desfeitas e tornadas a fazer e a desfazer as mais mirabolantes “reformas” do ensino, com os catastróficos resultados que são conhecidos: perda de qualidade, instabilidade, custos estrambólicos, manuais aos pontapés, tudo sempre em nome de “estudos”, avaliações “psicológicas” e outros produtos que para outra coisa não servem senão para dar que fazer a uns senhores que se dedicam a “pensar” no assunto: a verdade é que, coitados, se não parirem coisas novas, perdem razão de ser. Muito mais ao serviço de regurgitantes e pretenciosas intelectualices do que do ensino propriamente dito, tal conselho vai ganhando a vida a dar largas a inanidaes e elocubrações.
Desta vez, o tal conselho resolveu que é preciso acabar com os chumbos. Os chumbos carecem de “eficácia”, são “caros” e, acima de tudo, causam “problemas emocionais” aos alunos. Bonito! Além de acabar com os chumbos, a distinta organização propõe o fim da “cultura da nota”, bem como da afixação de pautas classificativas.
Temos então que o ensino vai passar, com certeza, a ser muito mais livre e menos passível de causar às criancinhas qualquer espécie de problema “emocional”. Ninguém vai classificar ninguém, nem examinar ninguém, nem dar notas ou, se persistir em tal erro, escondê-las. Deve tratar-se de defender a “igualdade”. Um aluno bom é igual a um mau, um que estuda igual a um preguiçoso, uma besta igual a um génio, um que nada sabe igual a um marrão. Os maus alunos não serão submetidos às consequências “emocionais” de o ser, os bons deixarão de ter orgulho (uma emoção!) nos seus triunfos, mais valendo escondê-los que vir a ter algum efeito emocional naqueles que nada fizeram.
Não sei o que se há-de fazer a estes teóricos, já que há poucos lugares nas prisões do Estado. Mas, pelo menos, com o alto objectivo de poupar despesas talvez fosse de os mandar para casa deseducar os flhos deles em vez de contribuir para a destruição dos dos outros.
24.2.15
António Borges de Carvalho