POUPANÇAS
Aquele rapaz, simpático e explicadíssimo, que costumava aparecer na televisão com um programa de matemática, arranjou um novo emprego, desta vez na publicidade. Não sei quem, mas presumo que a geringonça, encarregou-o de explicar ao povo ignaro como deve poupar, lá em casa, na factura da electricidade.
Nobre missão. Mas como? O explicadíssimo aconselha vários métodos. Apagar a luz é o menos. O que importa é usar aparelhos de baixo consumo, artefactos modernos e originais. Assim, você deve começar por deitar fora a sua obsoleta máquina da roupa e comprar uma nova, que gaste pouco, faça pouco barulho e, claro, seja “amiga do ambiente”. O mesmo para a da loiça e para o frigirífico, o forno, o fogão... Só na da loiça, vai poupar 0,54 euros por mês, mais ou menos o mesmo para o resto dos electrodomésticos. Como bom matemático, o homem faz as contas: se você seguir os seus conselhos, ao fim de um ano terá poupado 150 euros na conta da EDP! Faltou acrescentar que o melhor é ir ao banco sacar um “crédito ao consumo” para pagar os investimentos. Daqui a dez anos, break even!, terá o problema resolvido e começará a ganhar dinheiro. Genial.
Outra solução, igualmente genial ainda que diferente, para o mesmo problema, foi proposta pelo chamado ministro do ambiente, quem sabe se inspirado pelo seu novo ajudante energético, o inqualificável Galamba. Diz o indivíduo que a melhor maneira de poupar será contratar a potência mínima, coisa que lhe permitirá ter dois candeeiros acesos ao mesmo tempo e, se não ligar mais nada, ainda poderá fazer umas torradas. Nada mais fácil, como vêem, inteligente, prático e “assertivo”, como se diz agora.
Ainda bem que há quem se procupe com as nossas finanças pessoais, com certeza com o santo objectivo de fazer com que nos sobre algum para os impostos.O IRRITADO não pode deixar de sublinhar e saudar a intervenção das duas acima referidas inteligências, com os protestos da mais elevada consideração e estima.
20.11.18