QUEM, EU?
Seria mais cómodo o sacrifício de uma colega de governo, afirmou, peremptória e ufana, a desgraça humana, moral e política que desempenha, sem para tal ter sido eleita, o cargo de primeiro-ministro de Portugal.
Essa coisa, essa figura de proa (número dois!) do governo que desgraçou o país, esse real e total responsável pelo Siresp, esse arquivador de incómodos estudos florestais, esse comprador de Kamovs, esse parceiro responsável pelos negócios ruinosos fabricados pelo “mago” Lacerda, seu menino-bonito e mais-que-tudo, tem a lata de dizer que se justificaria a queda da miúda da polícia?
Quem, eu? Há para aí alguém que me impute responsabilidades políticas, executivas, morais? Há para aí alguém que pense que me deveria demitir em em vez de mandar a ministra às malvas? Quem, eu? Não percebem que isto não é um país como os outros, uma democracia como as outras, não veem que a moral republicana, se bem aplicada, me isenta de tudo o que é chato, não veem que isto dos sessenta e quatro mortos é uma chatice que terá milhares de culpados, todos menos eu? Não veem que eu navego de velas assopradas por Sua Excelência? Que estou fora de todas as borrascas?
Quem, eu? Era o que faltava.*
25.6.17
* Esta "citação" é fruto da penetração do IRRITADO na mente privilegiada do senhor Costa.