QUESTÕES EPISTOLARES
À falta de melhor, a central de argumentos eleitorais do PS decidiu exigir que fosse imediatamente posta a circular uma carta que o governo vai escrever ao FMI.
Acho muito bem. O problema é que vai escrever. Ainda não escreveu. Por isso, não tem nada para mostrar. Parece lógico, pelo menos para pessoas normais. Para as outras não será. O problema é delas, como diria a rapariguinha da Assembleia.
E é mesmo. Diga a missiva o que disser, o PS, que está com falta de material para os seus ridículos jogos florais. Acha, e tem razão, que a tal carta lhe forneceria material para sonoros ataques durante a campanha eleitoral. Não porque a coisa venha a trazer grandes novidades, coisas terríveis, ameaças ao nosso viver, mais impostos, menos salários, prometa fechar o hospital de Santa Maria e a Câmara do Porto, anuncie a abertura de um campo de ncentração para a oposição ou garanta declarar guerra à Rússia. Não. O PS sabe que, seja o que for que lá for escrito, haverá sempre forma de dizer cobras e lagartos, sobretudo se anunciar o que o próprio PS fará se tivermos a desgraça de o pôr no governo em 2015. O PS, à falta de ideias, de uma só que passe de puro blabla, espera que o governo lhe dê algumas novidades para poder alimentar a cassete. Um desejo legítimo.
O problema é que, até ver, não há carta nenhuma. O IRRITADO acha que sim senhor, o governo, antes de a enviar, devia mostrá-la ao Oco. Também sabe que é da praxe que a revelação pública da coisa compita ao destinatário e que, por isso, o governo não deverá torná-la pública por iniciativa própria. Mas o Oco, coitado, que acha que vai ser primeiro ministro (xiça!), está doido para desatar aos gritos, assim que conhecer a coisa.
E é nisto que estamos. Cria-se uma polémica do caraças por causa de uma coisa que ainda não existe! Esperemos pela próxima, que será tão imaginativa e inteligente como esta.
9.5.14
António Borges de Carvalho