RAZÕES SANITÁRIAS
Não falta quem proteste contra a ditadura sanitária em que vivemos. O poder condena tais opiniões, com uma coorte de “especialistas” a apoiá-lo. Quem não gosta é mau, põe em risco a vida de terceiros, é negacionista, não pratica o civismo obrigatório, nega a ciência (desde o nazismo e o bolchevismo nunca a ciência foi tão usada como arma política como agora), e outras adjectivações hoje mais próprias do Irão que da Europa Ocidental.
Esta atmosfera, dita sanitária e “democrática”, recebeu ontem honras ao mais alto nível. Segundo o senhor de Belém, a proibição de cantar o hino dos pàraquedistas numa parada qualquer ficou a dever-se a “razões sanitárias”.
E pronto, os boinas verdes foram proibidos de cantar por boas e presidenciais razões. É de pensar serão elas:
- alojados em boinas verdes, cor que, cientificamente, preferem, os vírus do covide passariam para as cantantes bocas dos rapazes e iriam voar até, ó desgraça, atingir a brilhante tribuna dos tipos do governo e dos grandes da tropa;
- o esforço da cantoria, sem sombra de dúvida, projectaria núvens de vírus, e estes atingiriam uma escola primária (hoje chamada qualquer coisa como 2RC+4,2) a oitocentos metros de distância e aniquilariam centenas de inocentes vidas;
- os decibéis do coro ofenderiam os delicados tímpanos das autoridades presentes, ministo e generais incluídos;
- segundo vários virologistas/cientistas/especialistas/matemáticos/etatísticosistas muito conhecidos lá em casa e na SIC/TVI/RTP, ao cantar, dado o esforço dos coristas, a velocidade de propagação do vírus aumenta oitenta vírgula vinte e três por cento, o mesmo acontecendo com o delirante entusiasmo das massas.
E assim por diante. Enfim, um rol de boas razãos para que plenamente se justifique o cuidado sanitário de Sua Excelência o Presidente da República, o qual, como é sabido não vai em cantigas, a não ser as da geringonça.
Como soe dizer-se, o sono da razão engendra monstros.
25.10.21