REGRESSO
Nove dias sem Wi-Fi, sem computador, sem telemóvel, sim, à antiga, o IRRITADO a dormir, o dono cheio de calor. É bom, é mau, sei lá. Pelo menos foi uma coisa nova, tão velha, e tão nova!
Chego. Que vejo?
- O país a arder por todos os lados e um senhor de barbas, na sua qualidade de chamado ministro do ambiente, a comunicar que – certamente por mais uma milagrosa acção da geringonça - este ano ardem menos hectares que no tempo do anterior e propriamente dito Governo.
- Uns chamados secretários de Estado, pobres rapazes, deslumbrados com as maravilhas do Terreiro do Paço, foram à boleia do camarada Amorim ver a bola em terras gaulesas. Coitaditos, devem ter sido denunciados por algum hiperliberal sem escrúpulos. A oportunidade de uma vida, irrecusável, assim arrastada na lama. Diz-se que, ao correr da farra, até conheceram pessoas que, noutras circunstâncias, não lhes ligariam bóia. Quem poderá condená-los? Aborrecido com o assunto (o da denúncia, não o da boleia), o trauliteiro-mor da geringonça, aquele que substitui o chamado primeiro-ministro em várias chatices, teve um ataque de moral republicana e, dando mostras de superior critério, decretou a elaboração de um “código de conduta”, coisa que já existe mas que os geringôncicos rapazes desconhecem. No parecer da citada criatura, o comum dos mortais, estúpido por natureza, comê-la-hão por boa e… “Assunto encerrado”, vociferou. Pois. Outras boleias virão, rapazes, não se preocupem.
Por falar de boleias, eis que dou com o Senhor Presidente a pavonear a excelência da Nação nas plagas de Cabral. Mais uns desportos, especialidade de eleição da nova III (ou IV?) República, uns pontapés na bola, uns combates, uns triplos saltos, uma corridas, umas pedaladas… O problema é que, depois de meses de acendrada propaganda e certamente por culpa dos árbitros e/ou da organização, parece que as fábricas de medalhas vão ter pouco que fazer. Lá se vão umas comendas para o arquivo morto. Ainda por cima, o chamado ministro da educação e uma sua educanda ou apaniguada ou ajudante (honnî soit…), foram atacados à facada em Ipanema, sabe-se lá se por algum enviado das escolas privadas, do patriarcado, dos bas-fonds da direita, ou por aquele juiz de quem o atacado não gosta e cuja demissão mui democraticamente exige. Tudo isto contribui para o menor brilho do desportivíssimo périplo das autoridades portuguesas por terras de Vera Cruz. Uma pena, não acham?
- Pessoas tidas por sabedoras, mas tão só possuídas de mesquinhos ódios, continuam a dizer que estamos metidos num imbróglio de aldrabices económico-financeiras de tal ordem que nada nos salvará de uma miséria bastante pior que a herdada de seis anos de socretinismo. Onde podem chegar a malquerença, a cegueira ideológica, a partidarite que anima esta gente! Ainda por cima (com os socialistas europeus à frente!), não há um só governo, um só político, uma só instância nacional ou internacional que não diga o mesmo. É demais! Uma conspiração universal só comparável, em desapiedada sanha, com a que movem os poderes judiciais contra esse impoluto e admirável cidadão que dá pelo clássico nome de Sócrates.
Enfim, tantos dias longe, e está tudo na mesma. Ou pior, que o calor é muito e a inteligência foi, sine die, de férias.
9.8.16