REGRESSO AO PASSADO
Todos nos lembramos dos tempos que antecederam a crise. Havia fartura. As pessoas tinham crédito para tudo, compravam casas, automóveis, iam de férias, tinham “empréstimos pessoais” a qualquer título, tudo a contar com o futuro glorioso que o PS garantia a toda a gente. Sabe-se o resultado desta fartura. O país chegou à bancarrota, centenas de milhar de portugueses também. Veio a troica, o governo legítimo encetou uma inevitável política de austeridade, cujos efeitos negativos se sentiram mas, em termos de futuro, largamente superados foram pelos positivos.
Veio o governo do usurpador, a austeridade continuou sob novas formas, os funcionários receberam umas massas para se calar, promessas aos potes, propaganda às toneladas. Apesar do governo, vieram os turistas. Os privados exportaram mais sem precisar do governo para nada, o BCE desatou a despejar milhões, a conjuntura internacional melhorou, isto é, vários bilhetes premiados, incluindo a desbragada ajuda presidencial, sairam à coligação que não é coligação mas dá no mesmo. A banca privada, acusada, quase sempre com razão, de malbaratar milhões, foi seguida, correcto e aumentado, pela banca pública. Aos poucos, o Estado Social - saúde, educação... -, começou a pagar as facturas das “reversões”, chegando a inacreditáveis extremos, como nunca se tinha visto durante o governo legítimo, mesmo no auge da crise. Todas as previsões económicas do PS, tecnicamente perfeitas, sairam furadas. Eis senão quando, ajudadas por pequenos estremeções vindos do exterior, as brechas apareceram, as classes privilegiadas da coisa pública sentiram-se enganadas, o PC aproveitou para sair à rua, sua mais forte especialidade. O chamado ministro das finanças - ou das cativações - assustou-se e, de repente, desatou a negar as suas teorias, tanto as que imaginara enquanto técnico como as que produzira enquanto político.
Entretanto, a propaganda produziu os seus efeitos. O endividamento das famílias, só em habitação, sobe todos os dias a uma velocidade estratosférica: só no primeiro trimestre deste ano foram 2,97 mil milhões. Em automóveis, a situação é do mesmo tipo. No resto ainda não vi números. Poupança, zero. Tudo anuncia novas chatices, como sempre pela mão do PS.
Mas o povo é sereno. Consta que o dito partido, havendo eleições, terá uma votação histórica. E nem o senhor Rio, que devia denunciar a situação, dá sinais de se mexer: pelo contrário, parece contente com o que se passa. O Presidente, esse, continua a provar presuntos e a dar beijinhos. Que mais nos há-de acontecer?
18.6.18