RIO É SÓ PARVO, OU TAMBÉM É ESTÚPIDO?
Por uma vez, estou de acordo com o senhor de Belém, comentador contumaz ao serviço da SIC. Disse ele que Portugal, o regime, a democracia, precisa de uma alternativa política, leia-se de uma oposição digna desse nome.
É o que não há. Quem teria condições para criar, ou recriar, essa alternativa, Rui Rio, ou desistitu, ou não lhe apetece. Prisioneiro das suas fixações paroquiais e da sua idolatria pelo desastre fatal (a regionalização), desistiu de fazer frente à geringoncial desgraça. Depois de algumas arrancadas que poderiam fazer parecer que quereria, finalmente, fazer frente à mentira instalada (o “crescimento económico”, a “paz social”, a “justiça” fiscal, o “fim da austeridade”, as “maravilhas do estado social nas mãos das esquerdas”, etc.), voltou a trás. Repescou a sua concepção idiota de “interesse nacional” - bojarda que serve para disfarçar a sua integral submissão à idea de um bloco central sob o jugo do PS – veio, mais uma vez pôr a nu a sua reiterada promessa de associação.
É claro que já recebeu, do patrão do PS, a merecida resposta, da forma mais trocista e pesporrente possível: diz o tal patrão que não quer o Rio para nada, a não ser que "venham aí os marcianos": está feliz com a geringonça, a geringonça é para continuar. Tem sido prática, cómoda, feliz: os sócios aprovam os orçamentos e consolam-se com uma bocas aqui e ali. Até há os, ou as, que, a troco de uns tachitos, se propõem moderar as tais bocas. Para que quer ele a maioria absoluta, se garantir a continuidade do que já tem?
Para qualquer político, ou simplesmente homem de espinha direita, a troça, o desprezo, a petulância, a arrogância do tipo da “cor da pele” (palavras do próprio, como se alguém estivesse preocupado com isso) não lhe beliscam a subserviência, a oferta de serviços, a dignidade.
Por isso que seja legítimo perguntar se Rio é parvo, estúpido, ou as duas coisas.
8.2.19