RIO RIACHO
Há para aí duas semanas, um jornal teve a lata de pôr na primeira página que um tal Rui Rio andava a contar espingardas com o nobre objectivo da apear Passos Coelho.
Mentira!, apressou-se o fulano a proclamar, prenhe de indignação.
Quinze dias depois, o mesmíssimo fulano desata a dar entrevistas e a fazer palestras em que declara que é isso mesmo, que quer apanhar o combóio lá do partido e que aspira por uma clara derrota eleitoral nas atárquicas para ter um bom pretexto. Nem mais. Um tipo leal, um tipo fixe! (Conceda-se que mais leal e mais fixe que o Costa, que esperou por duas vitórias do Seguro para o apear e para, perdendo, fazer mão baixa ao poder).
Grande novidade das declarações do Rio é a de que é adepto de políticas “disruptivas”, seja lá isso o que for. Talvez as de calar os jornais, a quem “não permitirá” que “atropelem tudo e todos em nome da liberdade”. Talvez as de que a justiça defendia melhor os direitos do cidadão durante a II República. Como houve quem o classificasse, é uma espécie de Trump à portuguesa, diz o que lhe vier à cabeça desde que ache que o que lhe vem à cabeça pode dar votos. Politicamente falando, Rio é um riacho, daqueles cheios de lixo tóxico.
Mas é perigoso. Não percebe que atingiu os limites do princípio de Peter enquanto autarca. Ao ponto de ter dito que desistia de uma candidatura a Presidente da República porque isso não era dado a um tipo do Porto (se calhar só aos de Boliqueime), assim provando, como noutras oportunidades, que não passa de um bairrista de segunda, pequenote e limitado.
É adepto do estralhaçamento do país em regiões, com a respectiva multiplicação de cargos e carguinhos, taxas e taxinhas, tachos e tachinhos.
Em matéria de populismo, faz inveja às esquerdoidas.
13.11.16