SABOTAGEM!
Não consta que os funcinários da TAP sejam mal pagos. Não consta que não tenham privilégios, benesses e regalias que não são dados ao comum dos mortais. O Estado é o Estado, que diabo, uma fábrica de salários, benesses e reaglias.
Consta que o Estado quer sair da coisa. A porca começa a torcer o rabo. Vêm aí uns patrões a saber fazer contas, se calhar as massas vão ficar mais perto do olho da rua, ou ter que trabalhar mais por menos. Inaceitável!
Por isso, as massas ditas trabalhadoras não podem deixar de resistir. Têm razão. Se a coisa continua como está, e não houver cofres públicos para tapar os buracos, onde vão parar as massas? Na conformidade com este justo raciocínio, as massas descobriram a solução: tudo fazer para desvalorizar de tal forma a empresa que não haja quem a queira, ou não haja quem a queira pelo mínimo que é lógico que o Estado exija. Assim se garantirá a permanência dos postos de trabalho e as respectivas condições. Bem visto!
Para começar, ou continuar, as massas, com alto sentido patriótico e de “missão”, vão realizar uma rábula grevista nos dias que melhor podem fazer jus aos seus “direitos”, ou seja, aqueles em que mais prejuízos económicos e sociais se pode causar. A verdade é que as outras greves já feitas este ano só custaram umas dezenas de milhões, o que é julgado pouco para a nobreza dos objectivos.
O IRRITADO lembra-se dos gloriosos tempos em que, por dá cá aquela palha, multidões de portugueses foram perseguidos ou encarcerados por “sabotagem económica”. E muito bem, pelo menos na opinião do Vasco Gonçalves e do MFA.
Os tempos são outros. O poder já não inventa tais crimes para se livrar de gente menos cómoda. Donde se conclui que está tudo de pernas para o ar: quando não havia sabotagem económica ia-se preso por sabotagem económica. Agora, que há sabotagem económica, ninguém vai preso por sabotagem económica. Agora é que está certo, mas lá que faz uma certa confusão, ai faz, faz.
11.12.14
António Borges de Carvalho